sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008
domingo, 24 de fevereiro de 2008
MEDITAÇÕES
Winston
Olhos inquietos
membros lassos,
o leito a afundar
sob o peso dos pensamentos.
Somos em quem as notícias grudam reboam e reverberam em flechas que atravessam a janela dos ouvidos e se fundem nos cérebros cansados de ouvir sons de marchas e tambores.
Em quem o grito
se cala à espera
da resposta que tarda
e já é tarde
no tempo e na vida.
E a noite se desfaz em estilhaços
de luas e satélites
sobre nossos olhos tumefeitos
de tantos sonhos prateados.
LIMITES
Essa pele que nos separa,
fronteira e limite de nós mesmos.
Esses pêlos
arame farpado do campo que somos.
Esses olhos
telescópios de cosmos insondáveis.
Essa língua
que nunca diz o que quer nem nunca quer o que diz.
Esses ouvidos
que nunca ouvem o que escutam nem o que querem ouvir.
Essa boca
de gosto finito e auguro desgosto.
Esses pés
que não levam a lugar nenhum.
Essas mãos
a construir uma civilização sem mão.
Somos nós
a nos parir dia-a-dia
em parto refeito a esmo.
Ah, fronteiras e limites de nós mesmos!
Winston
sábado, 23 de fevereiro de 2008
HOSPITAL
(Winston Graça)
Mortas luas artificiais
furam paredes
de pátios envidraçados
Lá embaixo, arroxeados
morrem os carros
Na praça, imundo
Um cachorro,
só no mundo.
Meia noite
de qualquer 28
a solidão nosocomial
molha o verde perdido
da praça deserta.
Cá dentro, vermelho vivo
colore de vida
o recém-nascido
a celebrar com gritos
o fim da noite
e o nascer do futuro.
Lá fora, vermelho gris
colore de morte
o asfalto escuro
a ressoar calado
o fim da noite
e o renascer do passado.
O renascer do passado
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