sexta-feira, 8 de abril de 2011

Otávio, o pássaro parananóide


Quando médico recém-formado, trabalhei no Hospital Sanatório Otávio Lobo, do sistema penitenciário da Secretaria de Justiça do Ceará, um hospital-presídio que abrigava presos com problemas clínicos e pulmonares, sobretudo tuberculose. 

Gostava de conversar com eles, duplamente castigados pelo destino. 
Recebia presentes artesanais feitos por eles, mas dentre todos os pequenos mimos que recebi, um ficou inesquecível: um casal de canários numa pequena gaiola, pegos por um dos detentos em um alçapão montado no pátio. Levei-os para casa, no caso um pequeno apartamento na Praia de Iracema, e coloquei-os na lavanderia do AP, (único local obviamente adequado). Batizei-os de Otávio e Loba.

Quando tinha tempo, no corre-corre da vida de médico, ia apreciá-los na gaiola. E lá estava ele, o canário macho, feio, mudo e aparentemente desorientado. Acima de tudo desconfiado. Não voava de seus pequenos trapézios nem andava – pulava. Pulava como um pardal! 

Mesmo nos meses de inverno, (período genético para sua procriação – de acordo com a Wikipedia), desprovido de libido, expulsava sistematicamente a fêmea de sua caixa-casinha para acasalamento. Loba, de desgosto (?), logo o deixou viúvo. 

A partir daí o miserando Fringillida começou a ensaiar uns pios, não gorjeios, pios mesmo, dignos de um pinto. De caráter musical neutro, nem em tom maior alegre, nem em tristes tons menores.

Logo percebi seu caráter, sua personalidade esquizotímica: passava o dia na janela de sua casinha mas se alguém se aproximava, Otávio entrava e ficava brechando lateralmente com um dos olhos pela janela oval. Sempre me interrogava: teria algo a ver com sua criação, com sua convivência ou com o lugar em que foi criado? Se estava bicando seu alpiste e alguém se movimentava por perto, pulava de volta para a jaulinha. Não enfrentava o mundo ao seu redor!

Como a lavanderia tinha comunicação para o jardim do prédio, um dia abri a gaiola e  propositalmente a deixei aberta, na esperança, você sabe, de Otávio ganhar o mundo e recomeçar sua vida livre, leve e solto. Mas ele, na dele! Olhou o mundo de sua janela com aquele olho monoscópico e calhorda e apesar de fisicamente sadio, esbelto, plumas ricas e limpas, ornado de bela cor, pronto para alçar vôos mais altos, Otávio não se mexeu e lá ficou.

Não acasalou, não cantou, não voou, nem brigou mundo afora pela sobrevivência. Mas passei a gostar mais de Otávio, um canário que não fazia nem força prá ser canário, um herói existencial, um legítimo e emplumado personagem digno de um conto de Sartre, ou melhor, de Jean Genet, o preso, dramaturgo e escritor existencialista.

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Tema para uma meditação histórica

Um italiano xereta chamado Marco Polo vai à China no ano de 1290.
Vê os chineses com sua sabedoria milenar usando a pólvora para seus fogos de artifícios e brinquedos infantis, nunca para a guerra. 
E ai o italiano volta para o Ocidente e traz a pólvora e seu método de fabricação. (Fosse nos tempos atuais ganharia o Prêmio Nobel de Ciências...).
No Ocidente a pólvora é usada em armas (outro Nobel perdido!) e na guerra, em clássicos mosquetões e bombas para a destruição de muralhas de castelos feudais.
E assim terminou a Idade Média, com seus feudos, com seus encastelados duques e barões, com a transformação de vassalos em cidadões e guerreiros, que posteriormente (et pour cause) ganharam novos títulos de nobreza. 

E assim começou a verdadeira idade moderna, com suas armas de destruição, bombas, espingardas, revólveres e depois obuses e metralhadoras!
E depois, a criminalidade, típica dos tempos modernos, que na verdade, não são tão modernos assim.
Pensando bem, os tais "tempos modernos" começou foi com Marco Polo e a "idade contemporânea" com Einstein e sua fórmula mágica E=Mc, ou  com Robert Oppenheimer e seu "Projeto Manhatan" que culminou com bombas nucleares sobre Hiroshima e Nagasaki, extensão da descoberta de Marco Polo de volta ao Oriente!

terça-feira, 5 de abril de 2011

De Roland Barthes sobre juizes


Frase de Barthes, de 1954, ainda válida para alguns países:


"Refugia-se na Lei quando pensa que esta lhe é propícia e a trai quando lhe convém!
Figuras imprevisíveis, logo, associais..."

(Roland Barthes, filósofo, sociólogo, escritor e pensador em: "MITOLOGIAS").






Notícia de hoje do jornal O Povo:

Juiz atropela e mata motociclista
Um juiz de Direito se envolveu em acidente com morte na avenida Washington Soares. Segundo a Polícia, o teste do bafômetro indicou que ele havia ingerido bebida alcoólica acima do permitido
Jornal O Povo - 05.04.2011
Um carro que estava sendo guiado por um juiz de Direito se envolveu em acidente com morte na madrugada de ontem, na avenida Washington Soares. O veículo colidiu com uma moto. O motociclista Henrique Maria da Silva, de 23 anos, teria sido arrastado por cerca de 115 metros. Ele ainda chegou a ser socorrido, mas morreu a caminho do hospital. 

Segundo a Polícia Rodoviária Estadual (PRE), o juiz Aristófanes Vieira Coutinho Junior fez o teste do bafômetro e o resultado deu positivo. “O exame indicou índice de 0,82 mililitros (de álcool no ar expelido)”, informa o comandante da PRE, coronel Túlio Studart. Acima de 0,33 ml, a chamada Lei Seca considera crime, prevendo que o acusado seja preso.


Aristófanes foi levado para o 2º Distrito Policial (DP), no Meireles, mas foi liberado. “Juiz tem prerrogativa. Pela Lei, não é preso em flagrante quando o crime é afiançável. Ele é liberado e, depois, responde junto ao Tribunal de Justiça”, explica o comandante da PRE, coronel Túlio Studart.


(Em outras palavras: a lei já é branda com os comuns mortais irresponsáveis, imaginem para juizes que vão ser julgados por seus pares! Ou o país muda suas leis ou as leis acabam com o país).

Luar sobre Fortaleza

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Praia de Iracema

Lady Godiva

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Info-Arte

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Verso e reverso

Fotopoema

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Nascimento

Fotopoema2

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Picasso - Guernica

O Sudoku de Ant.Gaudi no portal da Sagrada Família em Barcelona

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Qualquer soma nas colunas, nas linhas ou em X dá 33: a idade de Cristo na cruz!

Pensamento1

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Fanatismo

Dies irae dies ille

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Tem dias...

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Tem dias!

Wicked game (Kris Izaac)

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Babalu

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Festival de Natal - Lago Negro - Gramado-RS

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Nativitaten - um espetáculo que se renova e merece ser visto e revisto!