quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Pai Noel e o Palhaço Picolé

Quem é, melhor dizendo, e quem foi realmente o bispo Nicolau?
Porque essa figura esdrúxula que já caiu no imaginário planetário da cristandade está tomando o lugar do aniversariante verdadeiro: Cristo?

A Wikipedia nos diz em seu site que essa rubra figura nada mais é que o ícone de um bispo nascido no século IV, em Patara, na Lícia, antiga região da atual Turquia.

Nicolau de Mira, dito o Taumaturgo, foi bispo em Mira, na Ásia Menor, no século IV. À época do império romano, sob o regime de Diocleciano, foi preso por se recusar a negar sua fé cristã.  Sob o regime romano de Constantino, emigrou de Constantinopla (hoje Istambul) para a Rússia, onde, apesar de não mais exercer suas funções episcopais, se notabilizou por sua extrema caridade e sua preocupação com os pobres e crianças carentes.

Nicolau foi cognominado taumaturgo porque, em latim canônico, essa palavra significa “fazedor de milagres”. Conta a lenda que seu amor por crianças carentes e doentes era tanto que,  por várias vezes,  conseguiu até ressuscitá-las. Foi beatificado, santificado e eleito santo maior da Igreja Ortodoxa Russa e consagrado  padroeiro da Rússia.

Uma questão intrigante: apesar de iconizado como símbolo do Natal, o verdadeiro dia de S.Nicolau no calendário católico apostólico romano e ortodoxo russo é 6 de Dezembro e não 24 de Dezembro, quando erroneamente é festejado a ponto de atualmente ofuscar o verdadeiro aniversariante!
Outra questão: São Nicolau, apesar de bispo, não andava vestido de vermelho nem era gordo como seu ícone aparenta. ao contrário, como era comum aos antigos cristãos e sobretudo dirigentes religiosos, fazia sacrifícios, jejuava bastante, era frugal na alimentação, peregrinava a pé por toda a região em sua missão evangélica e deveria se privar de muitos confortos, jamais poderia ter uma imagem de velho gordo e bonachão. 

A imagem que impingem às crianças deve ser fruto do imaginário popular que atribui à época de Dezembro a época da colheita e da fartura na mesa.
Essa figura entretanto está se agigantando nos tempos atuais, consagrada pelo mercado, multiplicada em miríades pelo comércio, patrocinada pela indústria e estimulada pelos pais . Está roubando a cena e o significado da festividade: Natal, Noel, Natividad, Christmas, é aniversário de uma figura milhões de vezes maior, sem a qual não existiria nenhum São Nicolau.  O verdadeiro Papai Noel, Papai Natal, o pai do aniversariante deveria ser, no mínimo, São José.

Ok, você venceu: São José não cuidou de muitas crianças carentes, apenas de uma, salvando-a da fúria de Herodes...

Na verdade o significado simbólico dessa figura mítica de um bom velhinho é o da idealização infantil de um velho e amável pai provedor, que nunca morre e sempre retorna anual e obrigatoriamente para a festa “natalina”, a ponto de se confundir com a própria festa e tomar o nome da própria festa – Papai Noel!

Vamos imaginar o seguinte: seu aniversário é comemorado todo ano por dezenas e depois centenas de amigos. E todo ano, invariavelmente, por anos seguidos, mesmo depois de você crescido, seu pai convida o palhaço Picolé para distribuir presentes para você, os convidados e as crianças do bairro. Aí em um dos seus últimos aniversários você se espanta: você foi esquecido em um canto, recebe poucos cumprimentos e quase nenhuma atenção, enquanto a mundiça toda celebra a grande figura do dia, travestido em um de seus milhares de clones e vestido de amarelo berrante, com um gorro verde abacate na cabeça, eis que desce de helicóptero para sua festa, sob fogos e os aplausos de toda a galera, nada mais nada menos que o grande, gordo, venerado e ansiosamente esperado Palhaço Picolé!
Você, o que faria?

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Sentimentos indescritíveis


Existem sentimentos e emoções que a caneta, o papel, a música ou a poesia não têm condições de transmitir. Sons, letras e palavras são insuficientes. Há sentimentos e emoções indescritíveis na vida quando a tentativa de exprimi-los não diz tudo porque são engramas que ficam no fundo da mente ou da alma, como queiram.

Como a extrema paz e a extrema depressão.
Uma alegria muito intensa e uma tristeza profunda.
Ou um momento passageiro e não captável de um “joie de vivre”, quando um arrepio vem da espinha e percorre o corpo com um bem estar indizível.
Uma paisagem súbita que subitamente massageia a visão e depois se perde no espaço  mas fica gravada no tempo.
Um som breve e perfeito  ressoando ao longe e depois reboar como um eco nos ouvidos.
Um estar bem entre pessoas queridas que ali nunca se encontrarão novamente.
Um momento de integração com a natureza ou com o cosmos, testemunhando o simples prazer de estar vivo.

Sentimentos que não se compram, não se vendem, não se descrevem nem se promovem. Sentem-se ou não.

sábado, 17 de dezembro de 2011

Flashback


Dezembro, 8, era o dia de saída do internato para casa,  para três meses de doce fazer nada. Julho passava muito rápido para contar.


E todo 8 de Dezembro, dezenas de anos depois, acende na memória uma chama de lembrança, não da vela oferecida em voto ao dia da Virgem Imaculada, mas de uma sensação de liberdade inexplicável em plena puberdade dos onze, doze, treze e quatorze anos. Quatro anos suficientes para uma reflexão forte, um engrama beliscando o inconsciente e uma tomada de posição consciente de não mais voltar.

Mas isso já é outra estória. Voltemos a 8 de Dezembro.

Quatro meses sem a família e de repente o esperado dia.
Quatro meses de obrigações rígidas e de repente o “dolce fare niente”.
Quatro meses de paisagem confinada e de repente o panorama.
Quatro meses de coleguismo e de repente os(as) coleguinhas.

Dia sete, a ansiedade total, a insônia, a angústia, a náusea, os planos e o medo, medo de a mãe não estar lá na portaria bem cedo a me esperar.
São oito horas da manhã do dia 8 e ela já telefonou perguntando por mim.
Dia oito, o relaxar, o encontro, o desencontro e o reencontro; os cheiros diferentes, a visão diferente, os novos sons, os sabores contrários, as emoções.
Nesse dia, dezenas e dezenas de anos depois, ainda sonho saindo pelo portão grande e barroco do Seminário da Prainha, levando de frente uma lufada de sonho e vento da praia de Iracema, protegido no alto pela efígie do Cristo Redentor me apontando o caminho e deixando para trás as crenças rituais, a fé nos ritos apostólicos romanos, mas sempre com um Deus cósmico no coração.

Nas noites do dia oito de Dezembro, abraço em sonhos meus pais falecidos, tomo a benção a tios que já se foram e beijo a mão da tia Vanda, a que me fazia belos bifes na chapa, tentando inutilmente me engordar, com a tia Guiomar sentada ao lado, a aprovar, fitando-me com seus grandes olhos de lago parado.

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Estética e preconceito

Artrópodes têm um tronco evolutivo comum. Baratas e joaninhas são parentes muito próximos. Joaninhas fazem pequenos vôos. Baratas também. Mas que fenômeno estético e mental me faz achar bonita e admirar uma joaninha ou outro besouro de casco luzidio e achar horripilante o corpo de uma barata?

Que conotações histórico-evolutivas e associativas fazem os humanos,  principalmente o sexo feminino, achar horripilante uma barata e bonitinha uma joaninha? 
Que mecanismos psicológicos projetivos ou substitutivos estão implicados no fato?

Na evolução da humanidade, por milhares de anos enquanto a espécie ainda morava em cavernas, terão havidos conflitos de coabitação com esses artrópodes farejadores de comida e asquerosamente sequiosos por grutas, inclusive as pequenas grutas humanas: boca, ouvidos, etc.?

Terão sido esses conflitos de coabitação gravados e arquivados no inconsciente coletivo e, mesmo em habitações melhores milhares de anos depois, repetidos como um imprint na mente humana? Que conotações as baratas possuem,  sobretudo na cabeça das mulheres, que geraram esse imprint genético e transmitido de geração em geração nos meandros dos neurônios humanos? Os endocrinologistas poderiam até inventar um "baratômetro" para detectar o nível de hormônios femininos: soltava-se uma coleção de baratas de dentro de uma caixa e quanto maior o grito e a carreira,  maior o nível de estrógenos.

Ah, (dirá o pessoal da saúde), esse bicho asqueroso transmite muitas doenças, sobretudo hepatite C...
Tudo certo. Mas está provado e pesquisado: as formigas doceiras, aqueles minúsculos e inocentes insetos caseiros, transmitem muito mais doenças que as baratas e nos hospitais, são os principais vetores de infecções hospitalares.

A mesma aversão humana se verifica entre pássaros e morcegos, esses últimos, nossos antigos competidores em cavernas!

Estaria essa estética nas mesmas raízes psico-genéticas que geram empatia, simpatia, antipatia, aversão e até pavor? Ou seria apenas um fenômeno geral de estética inerente ao ser humano e nato, segundo Aristóteles!?

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Os iniciantes que me perdoem mas experiência é fundamental

Perguntaram-me se conhecia o Dr. Fulano de Tal, nome bastante divulgado na sociedade local, e se era um bom psicólogo. Calado fiquei após apenas responder um sonoro “não sei”.

Indicar um profissional de saúde sem nunca ter sido atendido pessoalmente pelo próprio é pior que indicar o número que vai ser sorteado na loteria; pode-se ser sorteado mas se não o for, as complicações que poderão advir também podem sobrar prá você...

A Psicologia como ciência e profissão, quando puramente teórica, mesmo a dita “aplicada”, não tem valor se não for acompanhada por experiências próprias, pessoais ou adquiridas no lidar com seus pacientes e apreendida e aprendidas nas relações humanas reais e interpessoais.


Como valor agregado há de ter o tempero das desilusões e do lidar com sonhos, ilusões e frustrações, com os enganos, as lutas e os embates da vida. Com máscaras e "personas".

Sem chavão, não custa bater no bordão: a vida ainda é a melhor mestra – mesmo para psicólogos e psiquiatras, com dezenas de teorias comportamentais na cabeça.
Ou seguem alguma “escola”, ou ecleticamente fazem um mix de várias, como os modernos “Transpessoais”; ou simplesmente os que não seguem nenhuma e se derivam para o ramo fácil da auto-ajuda para seus clientes.

Os doutores que me perdoem, os psicologismos são muitos e podem ser vazios se não acompanhados por experiências. As vivências, nesse ramo, ainda são fundamentais.
Os bons nem sempre são aqueles que se promovem na mídia; nem sempre os livrescos, que se promovem escrevendo dezenas de livros de auto-ajuda para se auto ajudar; não são os que têm colunas em jornal e programas no rádio.

Admitamos, bons profissionais da mente não são os que apenas conhecem a mente a fundo pelos livros, pela obra de Freud ou Yung; nem os fieis seguidores da psicologia científica de Wundt, James, Titchener ou Dewey; nem os behaviouristas da Gestalt ou os Fenomenologistas de Merleau-Ponty.
Bons psicólogos e psiquiatras são aqueles que ajudam o paciente não só a colocar os pés no chão, mas também, figurativamente, a cabeça, como em um quadro de Salvador Dali.

São os que se dedicam a cada caso, a cada indivíduo como se a própria pessoa fosse uma “escola” em si, e tentam apoiá-lo e guiá-lo em seus conflitos interiores com sua experiência e a de seu paciente, sabendo que este é o único a realmente conseguir resolvê-los, a seu modo, e, além de tudo, são holísticos, possuem inteligência emocional e equilíbrio para lidar com sua própria mente e a dos outros.
Profissões difíceis! E nesse caso, a prática é amiga da perfeição e o melhor anúncio desse tipo de profissional ainda é o boca-a-boca.

Luar sobre Fortaleza

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Praia de Iracema

Lady Godiva

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Info-Arte

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Verso e reverso

Fotopoema

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Nascimento

Fotopoema2

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Picasso - Guernica

O Sudoku de Ant.Gaudi no portal da Sagrada Família em Barcelona

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Qualquer soma nas colunas, nas linhas ou em X dá 33: a idade de Cristo na cruz!

Pensamento1

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Fanatismo

Dies irae dies ille

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These foolish things

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Tem dias...

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Tem dias!

Wicked game (Kris Izaac)

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Babalu

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Fotopoema

Festival de Natal - Lago Negro - Gramado-RS

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Nativitaten - um espetáculo que se renova e merece ser visto e revisto!