segunda-feira, 20 de abril de 2009

Pequena introdução a um tratado sobre o jacaré humano

Jacaré é um adjetivo/substantivo substantivamente presente no dia-a-dia dos humanos modernos. Há vezes em que um humano, não mais que de repente, pode se tornar um jacaré em fugaz e breve metamorfose. Na maioria das vezes um jacaré humano já nasce definitivamente metamorfoseado.

A principal etiogenia do jacareismo é a educação. A má educação ou a educação imperfeita é que dá a duração das crises, de breves e situacionais a estado definitivo de jacaré completo e acabado.

Reconhecer um jacaré ou perceber se você mesmo já tem traços ou já e o próprio não é fácil, mas alguns itens são denunciantes.

A seguir, a compilação de situações que, segundo estudiosos de etologia animal e comportamento social atuantes nesse país, denunciam, ou pelo menos, dão uma pista do que é essa nova ciência que caracteriza essa fauna, a jacareologia ou “aligatory” como já é conhecida na ciência alternativa...  

Um jacaré verdadeiro adora obstruir passagens e caminhos; corredores e acessos são seus preferidos; de preferência em bandos, em magotes dispostos em linha horizontal, como num arrastão em sua direção; cuidado, pois para um jaca, você é invisível, eles te abalroam ou te atropelam sem a menor cerimônia ou pedido de desculpa.

Por essas alturas você já pensou que um jacaré é simplesmente um mal educado, um “impolited”; pode ser, mas um mal educado não é sinônimo. Um jacaré é algo mais. Talvez um “cronópio” como o tacharia Julio Cortázar.

As situações onde o jacaré mais se manifesta, ou nas quais você pode liberar um jaca de dentro de você, estão no trânsito.

Por exemplo, querendo sair de um estacionamento qualquer ou de uma garagem de casa ou edifício, aguardando uma oportunidade há intermináveis minutos, de repente vislumbra uma oportunidade, um carro vem próximo mas dá prá sair, mas aí quem vem no nesse carro? Claro, um Jaca-DT (de trânsito), e aí que que ele faz? Claro, acelera com vontade e ainda dá uma paradinha na sua frente obstruindo sua saída. Ele está de acordo com o pensamento padrão jacareista: ocupar todos os espaços possíveis, pensar que todos os espaços do universo são de seu uso exclusivo!

Uma de suas variantes é o Jaca-Buzinador, aquele que em trânsito, adora buzina. Buzinar por buzinar. Não aquela buzina simples, de aviso, mas aquela longa, repetida, acionada para acordar os monges no Tibet. E se ouvires buzinas estridentes à noite, pronto, fotografaste mentalmente o tipo. Se próximo a um hospital, foto completa e sem retoques, com todos os dentes de fora.

E se um DT definitivo vai à tua frente e você necessita ultrapassá-lo, nem tente buzinar ou dar sinal, ele pensa que está em uma “race”, numa competição, jacas têm complexo de Ayrton Senna ! Os mais aguerridos não dão passagem nem prá ambulâncias. O paciente morre lá dentro, a ambulância grita a sirene à vontade mas ele se planta na frente, se fazendo de surdo.

O Jaca-Rubens é o contrário do anterior: num fluxo de 60 ou 80 km/h ele viaja a no máximo 40, fazendo toda a fila perder os sinais verdes.

Já o Jaca-QQQA (quem quiser que advinhe), não sinaliza prá nada nem ninguém. Quem quiser que advinhe se ele vai dobrar ou frear. Com um desses à frente todo cuidado é pouco, melhor mesmo é manter a distância regulamentar, do contrário quem vai acabar tendo razão é ele. A lei o protege! Mas cuidado com as variantes do QQQA: o Jaca-ciclista ou o Jaca-moto. Eles se esgueiram de fininho entre os carros, e se arranhar, arranhou, azar o seu. O Jaca-ciclista vai de preferência na contra-mão e atravessando faixas de pedestres com sinal fechado.

Como vemos, o trânsito é o fator etio-patogênico mais causal para denunciar um uma variante de jaca ou simplesmente descobrir que você já faz parte da fauna.

Ainda existem mais n tipos. Na fila de caixa de um serviço qualquer, por exemplo, após um jacaré ser atendido ele age como se o caixa fosse seu exclusivamente: planta-se lá, abre bolsa, fecha bolsa, pega papel, guarda papel, arruma a carteira e ainda entabula uma última prosa com o caixa, é o Jaca-mané.

O bom jacaré sempre abre uma porta de um recinto pela banda esquerda, empurrando-a para dentro em direção a quem vem, pagando mico sem pedir desculpas. 

Jacaré não tem classe econômica definida, pode ser A,B,C,D ou E.

Um bem conhecido e pagador de mico é o Jacaré-Cel, o jaca gritante de celular no ouvido, apregoando em alto e bom tom sua tola conversa, suas mazelas, suas demandas, como se o interlocutor fosse mouco e os circunstantes, interessados em seu papo gritado.

Mas jacaré fichado de placa e carteirinha é aquele que abre o som do carro em alto volume, como se o mundo também estivesse interessado em ouvir suas músicas bregas e, se está parado, abre as portas do carro, se em trânsito, desfila pela cidade impune à lei do silêncio e aos decibéis ensurdecedores. A carteirinha Nº 1 é a do Jaca-Placa 001, aquele vai com carro, som e tudo a uma praia pouco freqüentada. As pessoas estão lá curtindo numa boa, a brisa, o marolar das ondas, aí ele chega, tira apetrechos e liga o sonzão de maneira que os barcos ao largo também escutem, se aboleta e desaboleta os circunstantes...

Jaca-help é o que mal a gente entra em uma loja, pensando que está à vontade, às vezes apenas para olhar novidades mais de perto, ele já vai perguntando, com aquela voz que parece vir detrás do caixa: quer ajuda?... se dizemos não, ele fica nos acompanhando, com a quase certeza de que todos os fregueses são cleptomaníacos; se dizemos sim, logo ele nos abarrota de coisas que definitivamente não queríamos ou trata de sutilmente sermos despachados o quanto antes da loja evem com aquela indefectível e robotizada frase: “deseja mais alguma coisa?”. Se compramos calças, ele oferece meias ou cuecas, se camisas, calças.

O tratado poderia preencher páginas e páginas, poderia até ser objeto de uma monografia de sociologia, mas como blog é blog, espero que você, paciente leitor que nos acompanhou até aqui e que conhece outros tipos, mande sua colaboração.

quinta-feira, 9 de abril de 2009

O poder da palavra

Não curto P.Coelho, mas o texto abaixo, garimpado em um jornal, traz uma reflexão sobre o poder da palavra que também é tema de um Haikai que fiz há algum tempo atrás (veja colunas ao lado) e me permiti transcrevê-lo porque traz uma verdade universal: a capacidade de destruição da palavra!

"De todas as poderosas armas de destruição que o homem é capaz de usar a mais infalível e a mais covarde é a palavra. Punhais e armas de fogo deixam vestígios de sangue. Bombas abalam edifícios e ruas. Venenos terminam sendo detectados. Mas a palavra destruidora desperta o Mal sem deixar pistas. Crianças são condicionadas durante anos pelos pais, artistas são impiedosamente criticados, mulheres são sistematicamente massacradas pelos comentários dos maridos, fiéis são mantidos longe da religião por aqueles que se julgam capazes de interpretar a voz de Deus. Procure ver se você está utilizando esta arma e ver se estão utilizando esta arma em você. E não permita nenhuma das duas coisas."

 (“Ser como o rio que flui” – Paulo Coelho, apud coluna do jornal Diário do Nordeste, Abril/09)

Luar sobre Fortaleza

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Praia de Iracema

Lady Godiva

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Info-Arte

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Verso e reverso

Fotopoema

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Nascimento

Fotopoema2

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Picasso - Guernica

O Sudoku de Ant.Gaudi no portal da Sagrada Família em Barcelona

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Qualquer soma nas colunas, nas linhas ou em X dá 33: a idade de Cristo na cruz!

Pensamento1

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Fanatismo

Dies irae dies ille

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These foolish things

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Tem dias...

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Tem dias!

Wicked game (Kris Izaac)

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Babalu

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Fotopoema

Festival de Natal - Lago Negro - Gramado-RS

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Nativitaten - um espetáculo que se renova e merece ser visto e revisto!