sexta-feira, 14 de julho de 2017

                                     O Tempo e o Ser


Alguns chegam à vida, tomam seu lugar ao sol e vão embora rápido, ignotos como chegaram.

Outros chegam e ficam, cavam seus buracos, plantam algo e se vão, deixando a segunda geração abrigada, colhendo sob a sombra do que foi plantado.

A terceira geração só colhe, cava a seara, joga a areia aos ventos e se vai nem se preocupando em deixar pedras sobre pedras.

Os que plantaram, brilham em algumas estátuas de barro ou bronze, luzindo a um sol passageiro, até quando? Cem anos, duzentos, dois mil? Mas o que é um milênio frente a um tempo infinito?

sexta-feira, 9 de junho de 2017







Inglês britânico x Inglês americano
Pense num povo que degusta sua língua com gosto! Pensou? Pense num povo que pronuncia cada palavra como fosse um cupcake, um brigadeiro, melhor: uma iguaria fina que deve ser bem mastigada e saboreada. Pensou? São britânicos.

Aqueles que falam um inglês para ser curtido e bem compreendido, como se cada palavra tivesse sabor e merecesse ficar na boca mais algum tempo. Cada palavra é tão saborosa, mesmo as feias, que quase fecham a boca para que não escapem.

Agora pense o oposto. Gente que detesta palavras. As palavras são cuspidas, mal mastigadas e digeridas às pressas. Mesmo as bonitas. Pensou? São americanos, estadunidenses, sobretudo os do centro-oeste.

Acima, situe a palavra britânicos e a substitua por brasileiros sulistas e onde encontrar a palavra americanos, substitua-a por brasileiros nordestinos.  Verá que o resultado do comentário será o mesmo.

A mesma coisa agora faça com as palavras brasileiros sulistas versus portugueses de Portugal. Verá o mesmo efeito.


Dr.Morton Cooper, fonoaudiólogo de Los Angeles, famoso na década de 70, comentou em um de seus livros: “…dar a língua inglesa aos americanos foi como dar sexo às crianças; elas sabem que é importante mais não sabem o que fazer com ele.”

sábado, 6 de maio de 2017

Vida moderna


Há 20 anos moro num apartamento em um edifício de vinte e um andares, dois por andar. Dentre famílias, solteirões, solteironas e agregados, somam-se quase duzentas pessoas.


Desses moradores, conheço perfeitamente e troco ideias com digamos, uma dúzia. Não que seja esquizo, autista, esquivo ou coisa do gênero: são justamente os que habitam no edifício há quase tanto tempo quanto minha família. 

Os demais? São estranhos em todos os sentidos. 

Explico: chegam num mês ou num ano e se mudam no outro. Não sei se devido à crise, aos valores das taxas de condomínio, a outros projetos de vida, ou se alugaram por temporada, o certo é que é um entra e sai inexplicável de mudanças e vais e vens.
Dá-me vontade às vezes de entabular uma conversação com pessoas com quem cruzamos algumas vezes nas áreas comuns, mas não, não dá: o morador também faz parte daquela legião de viciados que não largam o celular, preferem se comunicar pelas redes sociais do que pessoalmente.

De repente entro ou saio do elevador e topo com uma cara nova que nunca vi. Um estranho. Às vezes assusta.
Outro dia assisti na TV um documentário sobre o Edifício Copan em S.Paulo, onde a rotatividade e a variedade da fauna humana são atípicas para moradores de apartamentos em grandes cidades. No Copan, edifício projetado por Oscar Niemeyer na década de 50, com 35 andares e cerca de 2000 residentes, não se consegue, claro, entabular um relacionamento nem com os vizinhos.

Ao que parece, nesse prédio cosmopolita e recorde em número de apartamentos, apenas condôminos mais antigos se conhecem ou conseguem manter um certo grau de amizade.Outras amizades superficiais ou esboços de convivência social podem ser desenhados pelas facilidades de convivência que o condomínio oferece através de equipamentos sociais dos mais variados teores, como se fosse uma vila ou uma pequena cidade. Em seu pátio inferior há acessos de passagens livres até para habitantes de ruas próximas.

Bons vizinhos que se tornam amigos agregam valores à família.
Será que a vida moderna está imprimindo  nas pessoas uma tinta esquizo-paranoide?
Será que a maioria dos edifícios das cidades modernas se comporta como mini Copans?

Será que, guardando as devidas proporções e comparações, estou morando em outro Copan e não sabia?

sexta-feira, 5 de maio de 2017

Voar é fácil

Não falo sobre voar de avião. Nem de tentar voar como o grego Architas de Taranto em 300 a.C., com seu pombo mecânico, ou como Ícaro, filho de Dédalus, o homem voador descrito pelo poeta Ovídio, 100 a.C.  nas Metamorfoses, nem como o monge inglês Oliver, de Malmsbury, no século XI, despencando de uma torre num arremedo de planador,  nem ainda como o italiano Giovanni Dante (não o Alighieri da Divina Comédia), séculos depois, na alta idade média, voando também em planador e se afundando no lago Tarsímero. Nem muito menos na máquina voadora de Leonardo da Vinci durante a  Renascença, usando escravos como cobaias. #
Apenas permaneça na varanda de um edifício, (nunca sobre), encostado à grade de proteção, em dia de sol e vento. Levante-se, abra os braços, deixe o sol aquecer sua pele e o vento alisar-lhe os pelos como a provocar-lhe uma sustentação aérea. Olhe para baixo. Os carros passam, mas não são os carros que passam, é você que voa sobre eles.
De repente um pombo dá um rasante à sua frente. Não precisa se assustar. Em seu voo imaginário nunca haverá acidentes.

# Rereferências históricas:

quarta-feira, 26 de abril de 2017





         Em Paris


Não tem preço ficar de bobeira às margens do Sena olhando as águas escoando o tempo como numa clepsidra gigante, cinturada ao longe pela silhueta do Louvre e da Pont des Arts, onde fantasmas de amores passados chacoalharam seus  grilhões em cadeados enferrujados.
Lisboa – (Fevereiro de 2017)



A Olisopo romana continua a mesma com seu encanto e beleza.

A Ushbuna árabe está viva e famosa nos fados d’ Alfama.

A Lisboa atenta continua sob a mira do Castelo de S.Jorge.

A Lisboa de Pombal continua a se refazer linda como um madrigal.

A Lisbon inglesa corre nos belos gramados da realeza no Parque Edward VII.

A Lisboa contrita se ajoelha aos altares dos Jerônimos onde o Portal da Anunciação pode ter inspirado Gaudí.

A Lisboa gastronômica baba de gosto nos pastéis de Belém.

A Lisboa de outras eras passeia fagueira na Praça do Comércio.

A Lisboa namoradeira se beija brejeira à beira do Tejo.

A Lisboa de outrora se mira altaneira na Rua d’Aurora.

A Lisboa gastadeira faz compra ligeira na Rua Augusta.

A Lisboa blasée matou de inveja os Champs Elisées na Avenida da Liberdade.

A Lisboa de Pessoa faz selfies poéticos no A Brasileira.

A Lisboa das Exposições se constrói exuberante no Parque das Nações.

A Lisboa Calatrava floriu radiante na Estação Oriente.

A Lisboa culta desafiou o Louvre no Museu Gulbenkian.

A Lisboa de antão admira seus heróis em seu Panteão.

A Lisboa fidalga admira seus luxos no Museu dos Coches.

A Lisboa estrangeira é bem acolhida no aeroporto.


A Lisboa cidade tem o mesmo significado da palavra saudade.
Suave é a noite - (Tender is the night)
Revendo um filme cult

Resultado de imagem para tender is the night movie

Se um professor de Psicologia ou Psiquiatria quer exemplificar com detalhes a teoria freudiana do fenômeno usual chamado de Transferência e Contratransferência, muito comum durante os tratamentos psicoterápicos ou analíticos, mande seus alunos, ou quem de interesse na área, assistir ou rever esse filme clássico americano da década de 60.


Na verdade a película é uma adaptação de um livro do famoso escritor americano Scott Fitzgerald, (seu último romance completo), que, por sua vez, teve duas fontes de inspiração: a primeira, para o título após ler uma poesia de John Keats: "Ode a um Rouxinol". Título aliás bem apropriado ao desenrolar do filme, vez que a maior parte se passa em festas ou cenas noturnas em uma mansão na Riviera francesa, a Villa Diana, provavelmente em Nice ou Cannes, pelo desenrolar do filme não se sabe ao certo mas pela época, Cannes é mais provável.

A inspiração para o livro tem tudo a ver com a história pessoal do próprio Fitzgerald. Zelda, sua mulher, rica herdeira de uma família tradicional sulista americana, era o que se chamaria hoje de uma doidivanas, ligada em festas, danças e álcool, muito álcool. Ainda por cima tinha uma personalidade bipolar, o que lhe causou muitas internações psiquiátricas e até um rótulo diagnóstico de esquizofrenia na década de 30.

Numa dessas internações de Zelda, enquanto ela estava em um hospital psiquiátrico de Baltimore, Scott teve a inspiração para o livro. Alugou uma casa próxima e completou o romance feericamente, ajudado por sua Remington e muitos Dry Martinis, naturalmente.

Como disse no início, o fato básico do filme é o Transfer psicológico entre a personagem principal, Nicole Warren, futura Nicole Diver, interpretada com extrema sofisticação e estilo por Jennifer Jones, no auge de sua beleza, e um psiquiatra que a trata, Dr.Dick Diver, com Jason Robards no papel, dando um show de maturidade cênica.

Muitas cenas do filme, inclusive uma das últimas, em que o médico desesperado pela separação, (fenômeno psicológico de contratransferência), é preso por embriaguês, aconteceu realmente com Fitzgerald em uma cidade italiana.

O enredo é linear, ao contrário da versão original do livro que é repleta de flashbacks. Os flashbacks, percebidos no filme pelos diálogos, deixam entrever uma mulher milionária, super mimada na infância, segunda filha queridinha do papai e provavelmente algo nas entrelinhas deixa perceber que também foi abusa por seu daddy, fato que estaria na raiz de todos os seus problemas psicológicos: sua fortes crises de ansiedade e medo, suas regressões e até sua fixação no Dr.Diver como a segunda pessoa do pai já falecido, amado e odiado ao mesmo tempo.

Quando ela consegue perceber e curar essa angustiante dualidade e fixação, por transferência, na figura do terapêuta/pai, acontecidas  após um tratamento terapêutico e analítico com o Dr.Diver, psiquiatra de uma clínica na Suiça, após sete anos de casamento, com algumas regressões, muitas festas na Villa da Riviera, sustentada por seu dinheiro, acaba-se o amor, divorcia-se e mesmo sem amar mais ninguém, une-se a um chato e bombado esportista que a persegue desde o começo do filme.

Com o Dr.Diver acontece o contrário: casou-se com uma paciente, mesmo parecendo não a amar, talvez só para livrar-se de um emprego ruim  e continuar um  tratamento da mulher/paciente quase permanentemente  e ao mesmo tempo em que poderia escrever sua tese sobre o tema, já iniciada mas nunca terminada. Termina porém loucamente apaixonado e à medida que ressurge uma outra Nicole, mais ele fica dependente dela financeira e emocionalmente e mais se apaixona por ela, um novo e moderno Pigmalião (na mídia, bem como na literatura, tudo pode servir de inspiração).
Tão apaixonado que despreza até a bela e gostosa periguete e arrivista Rosemary, (Jill St. John), que dá em cima dele o tempo inteiro.
Enfim, como deixa perceber a irmã de Nicole, Baby Warren, a um médico aniquilado, que tem de começar sua vida do nada: uma pessoa fraca, à medida em que se fortalece, pode destruir o forte que está mais próximo, transformando-o em um fraco. Na verdade a mulher, ainda durante o processo de separação,  lhe ofereceu dinheiro para que ele fosse sócio da clínica onde trabalhou. Diver porém, por questões outras, tenta voltar a trabalhar, agora como diretor, mas não aguenta, joga tudo para o alto. A lição final parece ser: delete tudo e comece do zero.

Se alguém não conseguiu gostar desse tipo de filme, quase um noir, apesar da technicolor, vai gostar da estória subjacente do personagem Abe North (Tom Ewell), um pianista que nunca consegue chegar ao final de sua composição principal, justamente a música tema do filme: "Suave é a noite", outro cult musical.

A versão com Moacyr Franco, no You Tube, é imperdível:

https://www.youtube.com/watch?v=axmaKI55bJ4

Ou o vídeo com cenas do filme e a música tema:

https://www.youtube.com/watch?v=QOdEeGXbxFo

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