sexta-feira, 14 de julho de 2017

                                     O Tempo e o Ser


Alguns chegam à vida, tomam seu lugar ao sol e vão embora rápido, ignotos como chegaram.

Outros chegam e ficam, cavam seus buracos, plantam algo e se vão, deixando a segunda geração abrigada, colhendo sob a sombra do que foi plantado.

A terceira geração só colhe, cava a seara, joga a areia aos ventos e se vai nem se preocupando em deixar pedras sobre pedras.

Os que plantaram, brilham em algumas estátuas de barro ou bronze, luzindo a um sol passageiro, até quando? Cem anos, duzentos, dois mil? Mas o que é um milênio frente a um tempo infinito?

sexta-feira, 9 de junho de 2017







Inglês britânico x Inglês americano
Pense num povo que degusta sua língua com gosto! Pensou? Pense num povo que pronuncia cada palavra como fosse um cupcake, um brigadeiro, melhor: uma iguaria fina que deve ser bem mastigada e saboreada. Pensou? São britânicos.

Aqueles que falam um inglês para ser curtido e bem compreendido, como se cada palavra tivesse sabor e merecesse ficar na boca mais algum tempo. Cada palavra é tão saborosa, mesmo as feias, que quase fecham a boca para que não escapem.

Agora pense o oposto. Gente que detesta palavras. As palavras são cuspidas, mal mastigadas e digeridas às pressas. Mesmo as bonitas. Pensou? São americanos, estadunidenses, sobretudo os do centro-oeste.

Acima, situe a palavra britânicos e a substitua por brasileiros sulistas e onde encontrar a palavra americanos, substitua-a por brasileiros nordestinos.  Verá que o resultado do comentário será o mesmo.

A mesma coisa agora faça com as palavras brasileiros sulistas versus portugueses de Portugal. Verá o mesmo efeito.


Dr.Morton Cooper, fonoaudiólogo de Los Angeles, famoso na década de 70, comentou em um de seus livros: “…dar a língua inglesa aos americanos foi como dar sexo às crianças; elas sabem que é importante mais não sabem o que fazer com ele.”

sábado, 6 de maio de 2017

Vida moderna


Há 20 anos moro num apartamento em um edifício de vinte e um andares, dois por andar. Dentre famílias, solteirões, solteironas e agregados, somam-se quase duzentas pessoas.


Desses moradores, conheço perfeitamente e troco ideias com digamos, uma dúzia. Não que seja esquizo, autista, esquivo ou coisa do gênero: são justamente os que habitam no edifício há quase tanto tempo quanto minha família. 

Os demais? São estranhos em todos os sentidos. 

Explico: chegam num mês ou num ano e se mudam no outro. Não sei se devido à crise, aos valores das taxas de condomínio, a outros projetos de vida, ou se alugaram por temporada, o certo é que é um entra e sai inexplicável de mudanças e vais e vens.
Dá-me vontade às vezes de entabular uma conversação com pessoas com quem cruzamos algumas vezes nas áreas comuns, mas não, não dá: o morador também faz parte daquela legião de viciados que não largam o celular, preferem se comunicar pelas redes sociais do que pessoalmente.

De repente entro ou saio do elevador e topo com uma cara nova que nunca vi. Um estranho. Às vezes assusta.
Outro dia assisti na TV um documentário sobre o Edifício Copan em S.Paulo, onde a rotatividade e a variedade da fauna humana são atípicas para moradores de apartamentos em grandes cidades. No Copan, edifício projetado por Oscar Niemeyer na década de 50, com 35 andares e cerca de 2000 residentes, não se consegue, claro, entabular um relacionamento nem com os vizinhos.

Ao que parece, nesse prédio cosmopolita e recorde em número de apartamentos, apenas condôminos mais antigos se conhecem ou conseguem manter um certo grau de amizade.Outras amizades superficiais ou esboços de convivência social podem ser desenhados pelas facilidades de convivência que o condomínio oferece através de equipamentos sociais dos mais variados teores, como se fosse uma vila ou uma pequena cidade. Em seu pátio inferior há acessos de passagens livres até para habitantes de ruas próximas.

Bons vizinhos que se tornam amigos agregam valores à família.
Será que a vida moderna está imprimindo  nas pessoas uma tinta esquizo-paranoide?
Será que a maioria dos edifícios das cidades modernas se comporta como mini Copans?

Será que, guardando as devidas proporções e comparações, estou morando em outro Copan e não sabia?

sexta-feira, 5 de maio de 2017

Voar é fácil

Não falo sobre voar de avião. Nem de tentar voar como o grego Architas de Taranto em 300 a.C., com seu pombo mecânico, ou como Ícaro, filho de Dédalus, o homem voador descrito pelo poeta Ovídio, 100 a.C.  nas Metamorfoses, nem como o monge inglês Oliver, de Malmsbury, no século XI, despencando de uma torre num arremedo de planador,  nem ainda como o italiano Giovanni Dante (não o Alighieri da Divina Comédia), séculos depois, na alta idade média, voando também em planador e se afundando no lago Tarsímero. Nem muito menos na máquina voadora de Leonardo da Vinci durante a  Renascença, usando escravos como cobaias. #
Apenas permaneça na varanda de um edifício, (nunca sobre), encostado à grade de proteção, em dia de sol e vento. Levante-se, abra os braços, deixe o sol aquecer sua pele e o vento alisar-lhe os pelos como a provocar-lhe uma sustentação aérea. Olhe para baixo. Os carros passam, mas não são os carros que passam, é você que voa sobre eles.
De repente um pombo dá um rasante à sua frente. Não precisa se assustar. Em seu voo imaginário nunca haverá acidentes.

# Rereferências históricas:

quarta-feira, 26 de abril de 2017





         Em Paris


Não tem preço ficar de bobeira às margens do Sena olhando as águas escoando o tempo como numa clepsidra gigante, cinturada ao longe pela silhueta do Louvre e da Pont des Arts, onde fantasmas de amores passados chacoalharam seus  grilhões em cadeados enferrujados.
Lisboa – (Fevereiro de 2017)



A Olisopo romana continua a mesma com seu encanto e beleza.

A Ushbuna árabe está viva e famosa nos fados d’ Alfama.

A Lisboa atenta continua sob a mira do Castelo de S.Jorge.

A Lisboa de Pombal continua a se refazer linda como um madrigal.

A Lisbon inglesa corre nos belos gramados da realeza no Parque Edward VII.

A Lisboa contrita se ajoelha aos altares dos Jerônimos onde o Portal da Anunciação pode ter inspirado Gaudí.

A Lisboa gastronômica baba de gosto nos pastéis de Belém.

A Lisboa de outras eras passeia fagueira na Praça do Comércio.

A Lisboa namoradeira se beija brejeira à beira do Tejo.

A Lisboa de outrora se mira altaneira na Rua d’Aurora.

A Lisboa gastadeira faz compra ligeira na Rua Augusta.

A Lisboa blasée matou de inveja os Champs Elisées na Avenida da Liberdade.

A Lisboa de Pessoa faz selfies poéticos no A Brasileira.

A Lisboa das Exposições se constrói exuberante no Parque das Nações.

A Lisboa Calatrava floriu radiante na Estação Oriente.

A Lisboa culta desafiou o Louvre no Museu Gulbenkian.

A Lisboa de antão admira seus heróis em seu Panteão.

A Lisboa fidalga admira seus luxos no Museu dos Coches.

A Lisboa estrangeira é bem acolhida no aeroporto.


A Lisboa cidade tem o mesmo significado da palavra saudade.
Suave é a noite - (Tender is the night)
Revendo um filme cult

Resultado de imagem para tender is the night movie

Se um professor de Psicologia ou Psiquiatria quer exemplificar com detalhes a teoria freudiana do fenômeno usual chamado de Transferência e Contratransferência, muito comum durante os tratamentos psicoterápicos ou analíticos, mande seus alunos, ou quem de interesse na área, assistir ou rever esse filme clássico americano da década de 60.


Na verdade a película é uma adaptação de um livro do famoso escritor americano Scott Fitzgerald, (seu último romance completo), que, por sua vez, teve duas fontes de inspiração: a primeira, para o título após ler uma poesia de John Keats: "Ode a um Rouxinol". Título aliás bem apropriado ao desenrolar do filme, vez que a maior parte se passa em festas ou cenas noturnas em uma mansão na Riviera francesa, a Villa Diana, provavelmente em Nice ou Cannes, pelo desenrolar do filme não se sabe ao certo mas pela época, Cannes é mais provável.

A inspiração para o livro tem tudo a ver com a história pessoal do próprio Fitzgerald. Zelda, sua mulher, rica herdeira de uma família tradicional sulista americana, era o que se chamaria hoje de uma doidivanas, ligada em festas, danças e álcool, muito álcool. Ainda por cima tinha uma personalidade bipolar, o que lhe causou muitas internações psiquiátricas e até um rótulo diagnóstico de esquizofrenia na década de 30.

Numa dessas internações de Zelda, enquanto ela estava em um hospital psiquiátrico de Baltimore, Scott teve a inspiração para o livro. Alugou uma casa próxima e completou o romance feericamente, ajudado por sua Remington e muitos Dry Martinis, naturalmente.

Como disse no início, o fato básico do filme é o Transfer psicológico entre a personagem principal, Nicole Warren, futura Nicole Diver, interpretada com extrema sofisticação e estilo por Jennifer Jones, no auge de sua beleza, e um psiquiatra que a trata, Dr.Dick Diver, com Jason Robards no papel, dando um show de maturidade cênica.

Muitas cenas do filme, inclusive uma das últimas, em que o médico desesperado pela separação, (fenômeno psicológico de contratransferência), é preso por embriaguês, aconteceu realmente com Fitzgerald em uma cidade italiana.

O enredo é linear, ao contrário da versão original do livro que é repleta de flashbacks. Os flashbacks, percebidos no filme pelos diálogos, deixam entrever uma mulher milionária, super mimada na infância, segunda filha queridinha do papai e provavelmente algo nas entrelinhas deixa perceber que também foi abusa por seu daddy, fato que estaria na raiz de todos os seus problemas psicológicos: sua fortes crises de ansiedade e medo, suas regressões e até sua fixação no Dr.Diver como a segunda pessoa do pai já falecido, amado e odiado ao mesmo tempo.

Quando ela consegue perceber e curar essa angustiante dualidade e fixação, por transferência, na figura do terapêuta/pai, acontecidas  após um tratamento terapêutico e analítico com o Dr.Diver, psiquiatra de uma clínica na Suiça, após sete anos de casamento, com algumas regressões, muitas festas na Villa da Riviera, sustentada por seu dinheiro, acaba-se o amor, divorcia-se e mesmo sem amar mais ninguém, une-se a um chato e bombado esportista que a persegue desde o começo do filme.

Com o Dr.Diver acontece o contrário: casou-se com uma paciente, mesmo parecendo não a amar, talvez só para livrar-se de um emprego ruim  e continuar um  tratamento da mulher/paciente quase permanentemente  e ao mesmo tempo em que poderia escrever sua tese sobre o tema, já iniciada mas nunca terminada. Termina porém loucamente apaixonado e à medida que ressurge uma outra Nicole, mais ele fica dependente dela financeira e emocionalmente e mais se apaixona por ela, um novo e moderno Pigmalião (na mídia, bem como na literatura, tudo pode servir de inspiração).
Tão apaixonado que despreza até a bela e gostosa periguete e arrivista Rosemary, (Jill St. John), que dá em cima dele o tempo inteiro.
Enfim, como deixa perceber a irmã de Nicole, Baby Warren, a um médico aniquilado, que tem de começar sua vida do nada: uma pessoa fraca, à medida em que se fortalece, pode destruir o forte que está mais próximo, transformando-o em um fraco. Na verdade a mulher, ainda durante o processo de separação,  lhe ofereceu dinheiro para que ele fosse sócio da clínica onde trabalhou. Diver porém, por questões outras, tenta voltar a trabalhar, agora como diretor, mas não aguenta, joga tudo para o alto. A lição final parece ser: delete tudo e comece do zero.

Se alguém não conseguiu gostar desse tipo de filme, quase um noir, apesar da technicolor, vai gostar da estória subjacente do personagem Abe North (Tom Ewell), um pianista que nunca consegue chegar ao final de sua composição principal, justamente a música tema do filme: "Suave é a noite", outro cult musical.

A versão com Moacyr Franco, no You Tube, é imperdível:

https://www.youtube.com/watch?v=axmaKI55bJ4

Ou o vídeo com cenas do filme e a música tema:

https://www.youtube.com/watch?v=QOdEeGXbxFo

segunda-feira, 9 de novembro de 2015

Hedy Lamarr

Hoje o doodle do Google comemora os 101 anos de nascimento de uma estrela de Hollywood: Hedy Lamarr. Até aí nada demais. Seria trivial e boçalidade se não se tratasse de uma mulher que foi considerada a mais bela mulher européia de sua época, mas não só isso, uma mulher extremamente forte e corajosa. Exemplo: em 1937, atriz de filmes alemães, casou-se com um milionário alemão amigo de Hitler que a mantinha praticamente presa em sua mansão pois ela tinha ascendência judia. Umbelo dia, Hedy (Hedwig Kiesler) pediu "autorização para ir com o marido a uma festa dos nazis usando suas mais valiosas jóias. Não foi: ao invés disso deu um boa noite cinderela no marido e fugiu com todas as suas jóias.para Paris (e depois para os Estados Unidos, quando foi contratada por um dos donos da Metro, Louis Mayer). Walt Disney inspirou-se em sua beleza para desenhar a Branca de Neve, que é sua caricatura até hoje. Só isso?Não: O sistema de comunicações que Lamarr criou para as Forças Armadas dos Estados Unidos atualmente acelera as comunicações de satélite ao redor do mundo e foi usado para criar a telefonia celular. Beleza e inteligência juntas em uma personalidade feminina muito forte e determinada. Seu último filme foi em 1958:"A mulher animal". Morreu em 2000 aos 86 anos.

terça-feira, 5 de maio de 2015

Poema

No Jardim de Luxemburgo

(Winston, Paris, 2015)
















(Paris, 2015)

No jardim de Luxemburgo
experimentei a sensatez
das palavras do poeta frances
com a sensação  recorrente
de que ao ter andando correndo
sempre em frente
em direção ao lago
a juventude não passou
nem para mim turista ao leu
nem para a estátua nua
que tem como chapéu
uma cascata de pombos.

Árvores centenárias
assobiam os estribilhos
da velha Marselhesa
em frente ao palácio do Senado
que Maria de Médici
viúva da nobreza
mandou construir
na pós  renascença
com saudades de sua Florença.

Miro-me no lago
Narciso ao contrário
e percebo aziago
que  Gérard de Nerval
tinha razão:
ela  a juventude,
La jeune fille,
passou rápida
como a imagem da criança
correndo com seu balão.

Olho em direção ao banco
onde está sentado
um cidadão de cabelo branco
quase entregue a Morfeu
com um livro caído ao colo,
serei eu?

Aproximo-me e leio
na contracapa
as últimas palavras
do poeta demiurgo
escritas há mais de cem anos
nesse mesmo jardim:
Parfum, jeune fille, harmonie,
Perfume, mulheres e harmonias
passam fugidias
como os pombos de Luxemburgo.


terça-feira, 24 de março de 2015

Haikai

Golfinho de Paracuru

domingo, 8 de março de 2015

Poema















Mar vivo

Sob duras penas
arrancarei meu norte
de bússolas quebradas
Barco frágil
e sem mecenas
todas as ondas
estarão contra mim.
Só uma vaga me voga
e me envolve por fim
e sobre ela, absorto,
me jogarei contra o porto
sem sul, sem leste ou oeste
alea jacta est.

(Ilustração: quadro de W.Turner - "O naufrágio do Minotauro")
















Alma latina
Minh'alma latina canta
e canta fox inutilmente
não canta em tom maior
minh'alma latina só canta
tons tristes de lá menor
e dança rock desengonçado
por isso me desespero
minh'alma latina
só sonha em bolero.

Minh'alma latina chora
e chora blues inutilmente
não adianta ela engasga
mistura Billie e fandango
mistura King com tango
antropofagicamente
faz o que pode
tenta até dançar pagode
com letra antiga de fado.

Minh'alma latina toca
e toca sax inutilmente
não adianta o pistão
ele tem trava psíquica
minh'alma latina insiste
em misturar a cuíca
com acordes de violão
em batida lenta e triste

como compete a um chorão.

domingo, 8 de fevereiro de 2015

Piazzolla

Ouvi novamente uma música antológica que deveria ser considerada Patrimonio Cultural da humanidade:  "Adios Nonino" em uma gravação em CD com o bandoneon de Astor Piazzolla. Só não fui às lágrimas (novamente) porque de tanto ouvi-la, lágrimas correlatas já não há, além do mais, Piazzolla a compôs em homenagem a seu pai, doente e prostrado em seu leito. Deixo as lágrimas, se as houver, a quem quiser por acaso me prantear no futuro, que espero ainda longínquo, colocando em um portátil qualquer um MP3 de  Adios Nonino.

Se vivo estivesse, Piazzolla estaria completando 94 anos em 2015. Talvez não tivesse a destreza e a força necessária para extrair do seu bandoneon essas melodias e acordes inigualáveis, inimitáveis e indescritíveis, de melodias que vão fundo na alma, daquela mistura inesperada e inusitada de tango com puro jazz!

Ou talvez, uma vez que era um homem forte, bem talhado até nos seus últimos dias, fosse ainda melhor no sanfonar de seu bandoneon, igual a um senhor, já bem idoso, que ouvi tocando com imensa maestria em Buenos Aires,  em um show de uma casa noturna chamada "Señor Tango". Quando foi anunciado que o dito cujo era um dos últimos participantes do grupo de Piazzolla, quase não acreditei até ao minuto em que o velhinho puxou os primeiros acordes piazzollianos do bandoneon. Aí valeu a noite, valeu o ingresso e meu ouvido me guardou uma memória imorredoura! Escusado dizer que ele tocou justamente o "Adiós Nonino", um avô prestando uma homenagem a seu pai, o Nono.


De onde Piazzolla tirou a ideia de misturar tango com jazz e apostar que daria certo? Sabemos que essas misturas de ritmos nunca emplacam, a não ser como passageira novidade. Por essas bandas já tentaram misturar samba com be-bop, sertanejo com rock, old american standards com bossa nova mas não emplacou nem emplaca. Piazzolla fez a mágica da mistura funcionar e ser aceita para sempre! Como começou? Quando na década de 20, ainda criança, foi com sua família argentina morar em Nova York. Lá, interessando-se por música, ganhou de seu pai um presente: seu primeiro bandoneon. 

O pai, percebendo suas habilidades musicais, contratou nada mais nada menos que Bela Wide, um professor que foi aluno de Rachmaninov, compositor clássico russo. Com o DNA do tango nas veias e o gosto pelo jazz que por essa época nascia com músicos famosos nos Estados Unidos, eis o resultado: uma música única, pungente como o tango mas ao mesmo tempo alegre e diversificada como o jazz. Canções com marca registrada, com a grife piazzollana.

quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

Aforisma de um antigo sábio chinês:

sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Guerreiro medieval

Ainda bem que nasci no mundo atual! Tivesse nascido no mundo medieval não dava prá carregar nem o estandarte real, quanto mais vestir esse troço pra lutar! Naqueles tempos, (os historiadores nunca explicaram isso), deveria haver academias de malhação próprias para vestir essas armaduras e conseguir lutar.

O programa da academia deveria ser o seguinte:
Primeiro ano - aprender a vestir a armadura, peça por peça, a começar pela malha interna - com a observação de trazer de casa a roupa de baixo. Segundo ano - aprender a se movimentar usando a armadura, começando pelos gestos mais simples, como por exemplo, levantar o braço até à boca para beber água. Terceiro ano - aprender a andar com esse ferro todo e exercitar a visão lateral usando os buracos da viseira. Quarto ano - treinamentos de corrida com a armadura. Quinto ano - Aprender a usar lanças, espadas, bestas, porretes e arco e flecha vestido com a armadura. Finalmente, último ano - treinamento real de guerra com a devida supervisão e aprovação do Duque, no interior do castelo ducal, além de autorização do Papa para integrar uma Cruzada para eliminar os Mouros in loco. 

Advertências:
1.os feridos nesse treinamento serão tratados pelo médico pessoal do Duque com direito a três dias de sangrias com sanguessugas importados diretamente dos pântanos de Florença.
2. armaduras estragadas poderão ser consertadas pelo armador ducal e pagas pela família em galinhas, perus e porcos depositados diretamente na cozinha do castelo.
3. os cadáveres dos mortos em treinamento final ou dele decorrente  serão jogados no fosso do castelo ducal com direito a breve benção do prior local.

Observações:
1. os reprovados em corrida e manuseio das armas terão de reiniciar todo o curso a partir do zero.
2. de acordo com edital recente do Duque de Campelo, um cristão aliado ao Papa e especializado em lutas marciais com equinos, todos os cavalos terão prioridade na alimentação e deverão ser exercitados com sacos de areia e pedras nos lombos para aguentar essa tranqueira toda.

Notas: admitem-se adolescentes a partir dos 12 anos que já estejam frequentando nossas aulas de malhação. Filhos de nobres terão prioridades e serão submetidos também a aulas de equitação, esgrima, cuspe-à-distância-na-mundiça, noções de história e geografia regional para saber quem é a nação inimiga atual e métodos de como chibatear a contento seu fiel escudeiro.
Os nobres que se inscreverem em Cruzadas terão direito a uma indulgência com direito a entrada livre no céu, comprada diretamente do Vaticano com a chancela papal.

Eu, da minha parte, em não tendo nascido nobre, talvez fosse um daqueles caras que tocavam tambor na frente da batalha e levavam as primeiras flechadas...

segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Picles mitológico

Diz o ditado que tantas são as pessoas, tantos são os dramas e as histórias. 
Certo. Mas se as pessoas pudessem ser vistas sob a ótica da mitologia grega, então...
Fui assistir com meu neto ao filme "Hercules", 3D, personagens bombados sempre lutando contra alguém, batalhas mais sangrentas que desenhos do South Park, enfim, um filme meia-boca, apesar de meu neto ter gostado, uma vez que fã de mitologia greco-romana. 
Mesmo assim, ao terminar o filme, saí pensando, poderia dizer filosofando, sobre coisas da vida e das pessoas, relacionadas com o herói. Tipo:

Para uns, a vida se resume nos doze trabalhos de Hércules e sempre há mais um a cumprir.
Têm de matar o leão de Neméia e a Hydra de Lerna, capturar javalis, cavalos e corças, o touro de Creta e o cão Cérbero, limpar as estrebarias de Augias, expulsar as aves de um lago, pegar os bois de Gerião e buscar as maçãs de ouro das Hespérides...Ufa!

Outras pessoas são verdadeiros Hércules sem nenhum trabalho.
Alguns nem Hércules poderiam ser...se escusam de qualquer trabalho ou simplesmente não o encontram.

Uns se contentam com um só trabalho, desses difíceis e comparado a algum dos hercúleos e passam toda a vida a executá-lo.

Mas a maioria se constitui  nos próprios trabalhos de Hércules. Nascem para dar trabalho aos Hércules da vida.

quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Considerações etomológicas/fonográficas

Papiro de Elbers - Egito dos Faraós
É muito interessante analisar a origem das palavras, vários indivíduos, fonólogos, gramáticos, semiologistas ou simples estudiosos já o fizeram e por vezes dedicando toda sua vida ao assunto.
Mas não menos interessante é o estudo da origem das letras.


Caiu-me às mãos, não me lembro se livro, revista ou impresso qualquer, uma tabela com a origem de algumas letras usadas nas línguas ocidentais. Só por mera curiosidade observemos as nove primeiras letras do nosso alfabeto e suas variações desde as priscas eras da escrita hierática (sagrada) do Egito dos Faraós, aquela que permitia aos escribas do reino escrever rapidamente nos papiros, até à escrita gótica dos monges medievais, que escreviam livros manualmente e que foi adotada por Gutemberg em sua prensa ao imprimir os primeiros livros.

Observe-se o A: os fenícios, povo que viveu aproximadamente de 2300 a 1200 anos AC, habitante de uma nação ao norte do atual Israel, provavelmente a região da bíblica Canaã, adaptaram o A do hieroglifo egípcio, sem tirar nem por, e posteriormente os gregos giraram o A, que parecia um K, colocaram o traço no meio e, pronto, eis nosso A cuja forma minúscula parece ter voltado aos escribas egípcios com os Carolíngios, o reino franco de Carlos Magno, por volta do ano 800 DC. 
Os fenícios deturparam o B egípcio, em compensação, os gregos o recuperaram colocando um traço ao lado. Já o C não tem nada a ver com suas origens remotas: só se tornou um c como o conhecemos atualmente com a civilização romana clássica, pós grega. Enquanto o D, esse veio diretamente dos fenícios, tendo-se apenas arredondado o delta grego pelos romanos, tendo os monges acrescentado um rabinho à direita em seus escritos manuais, rabinho esse prolongado pelos franceses e conservado em sua forma minúscula até hoje!
O E tem uma evolução interessante: os fenícios giraram o E egípcio 90 graus para a direita e posteriormente os gregos o espelharam, deixando a forma maiúscula do jeito que está até hoje enquanto a forma minúscula foi transformada pela escrita medieval e moderna.
A letra F foi adaptada pelos gregos como Phi diretamente dos fenícios em sua forma minúscula, mas, no grego clássico, foi transformada no F maiúsculo que conhecemos. Acredito que sua forma minúscula, o f, é uma variação direta e próxima do Phi.
Interessante é que o G como o conhecemos, não existia em nenhuma outra língua ancestral, e apareceu com os romanos. Provavelmente como uma variante do Zeta grego, pois a forma minúscula do zeta lembra bastante o g minúsculo! Com a palavra os helenistas.

Com o H, quase a mesma história evolutiva do D: apareceu com os fenícios e quase não mudou nada ao longo dos séculos, permanecendo com a mesma grafia maiúscula, apenas redesenhada em sua forma minúscula pelos monges escritores da idade média.
Observe o I: perdeu seus tracinhos egípcios e fenícios e foi minimalizado como um simples traço até hoje, tendo a escrita gótica colocado o pingo nos iis. Parei. Deixo aos filólogos analisar as demais letras, mas penso que todas devem ter tido as mesmas origens e a mesma modo evolutivo.
Observemos apenas que as maiores transformações ainda são relativamente recentes e foram impostas pelos monges desenhistas/escritores ao escrever seus livros de forma manual em seus "scriptoria".
Link para complementação a respeito da escrita medieval:

http://www.spectrumgothic.com.br/gothic/gotico_historico/caligrafia_medieval.htm


domingo, 3 de agosto de 2014

Súplica de Alzheimer













Não me peça prá lembrar
Não tente me fazer compreender, não
só me deixe descansar
e saber que aqui você está
a beijar meu rosto e segurar minha mão.

Estou confuso, triste e perdido
mais do que você pode imaginar
e tudo que sei é que preciso
que você esteja comigo
a meu lado a me proteger acima de tudo.

Não perca jamais sua paciência, por favor,
não adianta essa situação amaldiçoar
eu não posso fazer nada
nem meu jeito mudar
nem que me ponha a tentar.

Só lembre que jamais precisei de alguém
como preciso de você agora.
O melhor de mim já se foi,
não desista de estar a meu lado
apenas me ame até eu ir embora.

(Esse poema é uma livre tradução do inglês e foi encontrado na porta de um quarto de um paciente hospitalizado com o mal de Alzheimer em um hospital americano)

quinta-feira, 31 de julho de 2014

Notas de viagem 3 - Londres 2014


O que posso dizer que curti em Londres?
Poderia falar da beleza e da imensidão dos parques, principalmente de Kensington, onde moraram as princesas Margareth e Diana, da limpeza da cidade, uma das maiores do mundo, mas como curto pequenas e às vezes insignificantes coisas e momentos, alguns e algumas se tornaram inesquecíveis para mim e para qualquer cristão ou muçulmano que veja ou reveja essa antiquíssima City of London, ou The City, como a chamam os nativos.

Confesso que me arrepiei e lágrimas me vieram aos olhos atravessando aquela famosa faixa de pedestres em Abbey Road, capa de um disco dos Beatles, em frente aos estúdios da Apple Records.


Penywern Road, em Earls Court, é quase uma cidade independente.
Aí, próximo a um pacato, pequeno mas confortável hotel três estrelas onde ficamos, encontrei uma mercearia de um indiano onde as frutas têm um viço inacreditável, parecendo colhidas direto do pomar do Raaji que lhes dá um lustro especial. As bananas são mais bonitas que essas brasileiras que costumo comprar aqui nos supermercados.
Um dia perguntei-lhe de onde vinham suas frutas e ele me garantiu que eram do Marrocos!

Aliás, os hotéis 3 estrelas em qualquer lugar do mundo estão mais para hostels: quartos cada vez mais mini e sem frigobar; só falta colocarem um baheiro comum, em compensação, as proximidades compensam.
Earls Court é uma cidade à parte: estações de metrô, parques, restaurantes espetaculares e não tão caros, lojinhas, butiques, casas de câmbio e o escambau. Andar a pé por suas ruas é viver a cidade duas vezes...

Atualmente ir a Londres e não entrar na London Eye, uma super roda gigante de cabines, próxima à London Tower e à beira do Tâmisa, é mesmo que aquela velha estória de ir a Roma e não ver o Papa...se não foi ou perdeu o passeio, perdeu playboy.

Quando sua cabine está no
ápice da roda, você está no ponto mais alto da City, de onde você tem uma visão de 360 graus.

Uma das coisas que me deu prazer e confiança em Londres são seus taxis. Mesmo desconfiando que você é turista, nunca dão arrodeios ou erram o caminho de propósito. O interior dos taxis tipicamente londrinos parecem o interior de uma velha carruagem ou de uma diligência do velho oeste: há sempre um ou dois banquinhos de costas para o motorista e em frente ao banco principal. Um achado, porque cabem até seis pessoas e separando esse espaço e o do motorista, há uma pequena abertura de onde pode-se entabular um bom papo com o dito cujo. E quem disse que londrino é frio ou fleumático? É só puxar o papo. Acho que por isso preferimos pegar taxis a pegar aqueles famosos ônibus de dois andares, o que seria uma boa não fosse o frio da estação.

As cabines telefônicas são bem típicas, porem para nós, turistas, apenas mais um item para fotos e selfies.
Monumentos e palácios têm tanta história nessa cidade que fosse falar de cada um teria de fazer um guia turístico-histórico ou outra Wikipedia. Uma estória contada por um guia entretanto chamou-me a atenção: há uma lenda que reza que a monarquia inglesa sobreviverá enquanto os corvos da Torre de Londres não a abandonarem. Visto isso, como os ingleses parecem acreditar muito em mitos e lendas, vide Harry Potter, O Senhor dos Anéis e outras afins, existe um batalhão de guardas e funcionários na Torre só para cuidar dos corvos e sua prole, e ai de quem matar um corvo na City!

Aliás, falando em Torre, os guardas londrinos da cavalaria do Palácio de Buckingham são iguais aos policiais brasileiros em matéria de polidez, fugindo totalmente do padrão britânico - presenciei vários deles aos gritos, impondo ordem numa fila, botando os cavalos para cima de uma turba de abestados que queriam apenas presenciar a troca da guarda.

Fomos ao Harrods, super loja de cinco (ou mais) andares e um quarteirão quadrado, aliás, mais para shopping à moda antiga do que para loja. Tinha tudo mas nada interessante, nem os preços! Um dejá-vu. Alguém me falou que a loja/shopping/magazine-store do sogro da princesa Diana, que Deus a tenha, foi vendida a um árabe por 4 bilhões de dólares (ou terão sido Libras?!)... o que alguém faria/fará com tanto dinheiro! Não o famoso personagem avarento de Balzac, Pére Goriot, teria condições de manuseá-lo nota por nota, moeda por moeda, tantas quantas as estrela da Via Láctea.
Pessoas entretanto me interessam mais que monumentos ou lojas (exceto as de informática e a loja ecológica da National Geography Foundation, inaugurada em 1888...)


Próximo à estação de metrô de Penyworn encontrei um morador de rua todo encapotado de casacos surrados lendo um sebento "Animal Farm" de Orwell ao lado de um cão viralata bem atento. Após a doação de algumas moedas entabulamos uma conversação começando pelo livro, depois pela raça do cachorro que, por sua vez, me encarou com cara feia ao me ver aproximar mais. Seu breeding era tão misturado que não dava mais para identificar nenhuma raça nele.

Em uma parada próxima a Buckingham o guia brasileiro de contou toda sua estória como imigrante. Daria toda uma novela à parte que não caberia num post desse blog mas que ouvi com interesse pois humana e interessante em seus detalhes e modo emocionado de conta-la desabafando a um patrício.

A volta por uma companhia aérea portuguesa foi melancólica: um atraso de quase doze horas e um portuga velho atrás de mim chutando a poltrona p da vida porque reclinei o assento do avião que ia fazer escala em Lisboa. Também pudera, as poltronas desses Boeings estão cada vez mais apertadas... Como sofrem os gordos nessas viagens!



Luar sobre Fortaleza

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Praia de Iracema

Lady Godiva

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Info-Arte

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Verso e reverso

Fotopoema

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Nascimento

Fotopoema2

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Picasso - Guernica

O Sudoku de Ant.Gaudi no portal da Sagrada Família em Barcelona

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Qualquer soma nas colunas, nas linhas ou em X dá 33: a idade de Cristo na cruz!

Pensamento1

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Fanatismo

Dies irae dies ille

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Tem dias...

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Wicked game (Kris Izaac)

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Babalu

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Festival de Natal - Lago Negro - Gramado-RS

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Nativitaten - um espetáculo que se renova e merece ser visto e revisto!