quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

O Rei, Handel e você

Ouça a "Suite Aquática" de Handel, de preferência deitado (no sofá, no chão ou numa rede) e sinta-se o próprio Rei George I da Inglaterra no dia da coroação, quando os músicos, no barco real, desciam e subiam o Tâmisa ouvindo a "Water Music" feita por Handel de encomenda  para aquele dia.
O rei gostou tanto que fez a procissão de barcos ir de Westminster a Chelsea e de Chelsea ao palácio por tres vezes!  De tanto embalo em seu barco, digo, sua rede ou seu sofá, você também se embalará por tres vezes... 
Mas o número 2 da suite (a do em Fá mior), lhe agradará mais e dará prá você relaxar e se embalar mais tres vezes, apesar de que a Abertura da suite número 1 lhe fazer sentir o próprio rei em dia de coroação, aí você poderá como tal tomar atitudes de rei, por exemplo: pedir a alguém que lhe traga urgente uma cerveja com média espuma numa taça (quem sabe acompanhada de alguns salgadinhos?). 
Os oboés parecem flautas de índios xavantes em dia de toré, ressoando como se tocadas do fundo de águas suaves, claras e de doces ondas, como em rios de antanho, sem poluição, como deve ter sido o Tâmisa no dia da coroação do George e que inspiravam em Handel músicas como essa Suite Aquática, digna de ser ouvida por qualquer ser humano ainda não condicionado por créus e bels, por loiras gasguitas e músicos desvairados, pessoas que queiram se sentir como um rei, mesmo por alguns minutos, de bem com a vida, com os ouvidos, com a natureza e com a humanidade.

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Tempo e vida

O tempo correndo liso e branco,
os dias correndo quentes e pegajosos.
Às vêzes me palpo prá ver se estou vivo
às vezes me vivo prá ver se me palpo.
Só o ventilador dá o ritmo e o som
no tom marrom das coisas de bom tom.
Vida, vida, bela vida
se eu te chamasse querida 
já seria uma rima e não Bandeira
de uma solução.
(quadro de Dali: "Metamorfose")

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Barcelona, a princesa catalã

Além de berço e abrigo de artes e artistas de vulto, Picasso, Dalí, Joan Miró, Ferrer, de abrigar Guëll e seu parque, Gaudi e sua Sagrada Família, Barcelona foi e será a pátria rebelde do diferente. Não do esquisito, do esotérico ou do exótico, do simplesmente diferente. Seu  dialeto, suas ruelas, suas ramblas e a herança visigoda ainda viva.Barcelona, onde a cidade e o cais se misturam, onde iates e veleiros são  vias, onde a cidade é o cais, o cais é a cidade e suas ramblas são cais onde aporta o mundo, abrigam o mundo e suas naves, convés de barcos e gaivotas para calçadas de onde escorrem as pessoas, visitantes e nativos, num jorro de ir e vir, para Colón, Barceloneta, Praça de Catalunya e Montjuic, onde um teleférico sobrevoa Miró, o cemitério judeu e o azul do Mediterrâneo transformado pela noite em escrínio marinho para as jóias da princesa, brilhando forte sob o holofote de mil bares, restaurantes e naves da orla onde gaivotas peroladas lutam com carpas prateadas por banquetes noturnos.

Barcelona à noite multiplica-se em jovens insones, planetários, da China e da Cochinchina, Europa, França e Bahia, Arábias e Bavárias, como um jorro de algum casal primevo, uma Eva multi-multípara, lançando-os em parição miriadítica, a calles e baladas onde pulsa com as luzes um som techno até madrugada, quando a horda adolescente se mistura à procissão adulta, caras e bocas, eles e elas, eles e eles, elas e elas, diferentes, belos e indiferentes.

De qualquer lugar, de qualquer ponto, de qualquer porto e qualquer posto, de convéses ou de ramblas, de ruelas ou de cais, é o mesmo posto de observação de onde em qualquer estação se verá escorrer o magma da humanidade, o que vive, o que trabalha, o que vende e o que compra, o que faz arte ou o que passeia, do cais para Colón, da Plaza para El Corte Inglés, da Fundación Picasso à Fundación Miró, do Parque Guell a Montjuic, das Tapiés à Diagonal, do museu marítimo ao Parque das Aigues, da Catedral ao Parque Güell, da Casa Milá à Sagrada Família, dos jardins de Pedralbes ao grande Aquarium . Centenas de bicicletas disputam espaço com Mercedes e Smarts, com Polos e Ferraris, parando apenas para admirar uma roncante Harley-Davidson 1960, montada por um nórdico que oferece flores a uma americana (ou seria o contrário?).

Barcelona onde a noite e o dia são um só. Onde os irrequietos lêmures de Madagascar convivem com o calmo róseo dos flamingos no Zoo onde um pavão acompanha todos os passos de quem se mostrar amigo, levando-lhe em saltadilhas à estátua do cão sem dono onde se lê uma homenagem do poeta Euras aos viralatas do mundo.

Barcelona, onde se detém a multidão diversa dos privilegiados, a flor d´Europa e os turistas acidentais, mixando dialetos ao seu dialeto bárbaro, onde as luzes, o azul tênue do ar e a variedade colorida de roupas e flores são o epílogo luxuoso de um tempo que não passa e não apodrece, que viça à brisa do Mediterrâneo, sempre noviça, esperando os que não a conhecem e o retorno dos que um dia amaram uma cidade-princesa catalã.

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Gestores de referência são rigorosos

Um erro comum é avaliar que reprimir as ocupações ilegais dos espaços públicos gera desgaste para os gestores. Pelo contrário. Os gestores que agiram com rigor nessa área costumam ser os mais reconhecidos pelos eleitores. São os que se transformam em administradores de referência. São os mais respeitados. Uma cidade bem organizada que consegue manter livres e bem cuidados os espaços públicos acaba tornando o seu dirigente um campeão de votos. Comerciantes ilegais, invasores de terrenos, donos de transportes piratas e poluidores não elegem ninguém. É assim em todas as cidades importantes do mundo. Um prefeito que cuida bem dos espaços públicos, mantendo-os limpos, bem iluminados, arborizados e livres da privatização nos dá a certeza de que mantêm com a mesma competência os serviços públicos de educação, saúde e transportes. De volta à “questão social”: ledo engano crer que o comerciante deixará de vender seus produtos. A demanda por eles permanece e a inteligência natural do capitalismo fará com que sejam escoados sem a privatização do bem público. 

Fábio Campos –Jornal O Povo , 21/01/09.

GESTORES DE REFERÊNCIA SÃO RIGOROSOS 

Um erro comum é avaliar que reprimir as ocupações ilegais dos espaços públicos gera desgaste para os gestores. Pelo contrário. Os gestores que agiram com rigor nessa área costumam ser os mais reconhecidos pelos eleitores. São os que se transformam em administradores de referência. São os mais respeitados. Uma cidade bem organizada que consegue manter livres e bem cuidados os espaços públicos acaba tornando o seu dirigente um campeão de votos. Comerciantes ilegais, invasores de terrenos, donos de transportes piratas e poluidores não elegem ninguém. É assim em todas as cidades importantes do mundo. Um prefeito que cuida bem dos espaços públicos, mantendo-os limpos, bem iluminados, arborizados e livres da privatização nos dá a certeza de que mantêm com a mesma competência os serviços públicos de educação, saúde e transportes. De volta à “questão social”: ledo engano crer que o comerciante deixará de vender seus produtos. A demanda por eles permanece e a inteligência natural do capitalismo fará com que sejam escoados sem a privatização do bem público. 

Fábio Campos –Jornal O Povo , 21/01/09.

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

A simbologia do mito grego de Prometeu

Zeus condena Prometeu a viver acorrentado,com uma águia a lhe roer o fígado todo dia.

Para seu desespero,o órgão torna a se recuperar toda noite, para a tortura do dia seguinte.

Está clara a trinomia histórica, social e econômica das três classes:

O PODER: ZEUS, ilógico e autocrático a legislar e condenar a penas absurdas o cidadão comum.

A ELITE: A ÁGUIA: voa alto, orgulhosa e altaneira, esbelta e elegante e em permanente conchavo com os podres poderes, nutrindo-se do cidadão comum, a se aproveitar dos castigos de Zeus que não lhe atingem, ao contrário, lhe faz de instrumento e beneficiado ao mesmo tempo.

O POVO: PROMETEU: NóS, é claro. Povo, proletários e assalariados, pequenoa burguesia e classe média. Sobretudo a classe média, a do fígado preferido de Zeus e a do fígado mais gostoso para a águia. (O leão também gosta).

Diz a lenda que Zeus só se reconciliou com Prometeu com uma condição: que este lhe revelasse a magia e o segredo de se perpetuar no poder. Ai também o mito do populismo e do iluminismo dos ditadores. (Mas isso já é outra estória) 

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

“Quantum of solace” ou “Prêmio de consolação”

Eis um título de filme mais do que adequado aos fãs de 007: “Quantum of solace”, traduzido literalmente: “Prêmio de consolação”. Realmente para quem gosta (gostava) do gênero ou da série, esse Quantum não passa de um medíocre prêmio de consolação! O que deviam mesmo é ter encerrado a carreira de 007 enquanto estava sob a batuta literária de Ian Fleming, isto é, até 1964, data em que o escritor morreu e saiu o último Bond que vale a pena ver de novo: “You only live twice”, com Sean Connery, um ator atlético à época, mas não bombado como o atual Craig, que, na vida real, de acordo com a fisiologia corporal, teria muita força e não a agilidade demonstrada nos dois últimos filmes nas ações acrobáticas executadas pelos dublês (apesar da divulgação dos estúdios da MGM de que Craig intensificou seus treinamentos em Box, corridas e direção perigosa de barcos e carros.

Marc Foster, o diretor dos dois últimos Bonds, parece um sósia desvairado de Quentin Tarantino (“Pulp fiction”) seguindo o script de dois roteiristas que parecem inspirados nas notícias do Jornal Nacional sobre a Rocinha e o Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro.

O charme, o appeal  e o brilho de James Bond foram se apagando aos poucos a partir de “Octopussy” de 1966, cintilando ainda com Roger Moore em 1973 com “Live and let die”, piscando em “License to Kill” – Permissão para matar, com Timothy Dalton, 1989 e ainda com leve faísca em “Tomorrow never dies” – O amanhã nunca morre –  em 97, com Pierce Brosnam. Ou seja, 007´s bons de se ver, a meu ver, só até ao século passado (estranho dizer isso, não?). Mudou o século e a estética do cinema ou minha estética permaneceu? Que graça tem um maluco correndo, saltando, dirigindo feito um desbragado, atirando a esmo e matando todos os suspeitos que vê pela frente pelo simples prazer de matar, em ações com câmara super rápida, que mal dá para acompanhar, como se você estivesse no olho do furacão? É essa a intenção do diretor?

Casino Royale, com Craig em 2006, foi um fiasco, de público e de crítica. A bilheteria, de acordo com o Box Office Mojo, decresceu de U$ 812 milhões com Goldfinger para aproximadamente U$ 200 com o Casino, entretanto, na frente desse Quantum, Casino Royale  é um passeio no parque com as crianças. A estória é fácil de seguir, a ação, fácil de ser acompanhada. Quantum é confuso, ( nem os diálogos você acompanha), a estória é super complicada, (você tem de assistir pelo menos três vezes para entendê-la logicamente) e, resumindo, é apenas bala sobre bala, com um Bond canastrão com gosto de sangue na boca e os punhos sedentos de porrada. Uma constatação: o novo Bond não é mais irresistível e fascinante para a mulherada; no filme elas dão simplesmente porque também estão afim...

Finalmente conseguiram enfear até a bela Olga Kurilenko, vestindo-a com roupas de flagelada e uma maquiagem marrom-cocô deixando a ex-modelo ucraniana irreconhecível!

Enfim, aconselho a você, amigo, economizar esse dinheirinho e seu precioso tempo: não compre nem alugue, é desapontamento puro, “Quantum of solace” não é prêmio de consolação e não vale nem um pirata de R$5,00 reais.

domingo, 4 de janeiro de 2009

En una noche tibia de plenilúnio

Um ceu azul magenta pesado engessa o ar e as asas humanas, impedindo voos mais prolongados.
Apenas o deitar em tropicais varandas e olhar a umidade, a unidade vegetal alinhada e a humildade do cone sul.
South of the border as noites são tíbias e se movem em câmara lenta.
Assim são os sonos, os sonhos e os movimentos dos trópicos noturnos.
(Detalhe de quadro de Van Gogh)

Parêntese para Júlio Cortázar

"Eu e meus amigos
alteraremos a
relojoaria do céu.
No entanto estou aqui, de porta aberta.
Depois sairei, sairemos, para construir a cidade.
Quem está disponivel para a hora futura
sabe que a vida vale a pena."
("A volta ao dia em 80 Mundos" - imagem de quadro de Dali)

Luar sobre Fortaleza

Luar sobre Fortaleza
Praia de Iracema

Lady Godiva

Lady Godiva

Info-Arte

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Verso e reverso

Fotopoema

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Nascimento

Fotopoema2

Fotopoema2
Picasso - Guernica

O Sudoku de Ant.Gaudi no portal da Sagrada Família em Barcelona

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Qualquer soma nas colunas, nas linhas ou em X dá 33: a idade de Cristo na cruz!

Pensamento1

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Fanatismo

Dies irae dies ille

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These foolish things

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Tem dias...

Tem dias...
Tem dias!

Wicked game (Kris Izaac)

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Babalu

Babalu
Fotopoema

Festival de Natal - Lago Negro - Gramado-RS

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Nativitaten - um espetáculo que se renova e merece ser visto e revisto!