segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

“Quantum of solace” ou “Prêmio de consolação”

Eis um título de filme mais do que adequado aos fãs de 007: “Quantum of solace”, traduzido literalmente: “Prêmio de consolação”. Realmente para quem gosta (gostava) do gênero ou da série, esse Quantum não passa de um medíocre prêmio de consolação! O que deviam mesmo é ter encerrado a carreira de 007 enquanto estava sob a batuta literária de Ian Fleming, isto é, até 1964, data em que o escritor morreu e saiu o último Bond que vale a pena ver de novo: “You only live twice”, com Sean Connery, um ator atlético à época, mas não bombado como o atual Craig, que, na vida real, de acordo com a fisiologia corporal, teria muita força e não a agilidade demonstrada nos dois últimos filmes nas ações acrobáticas executadas pelos dublês (apesar da divulgação dos estúdios da MGM de que Craig intensificou seus treinamentos em Box, corridas e direção perigosa de barcos e carros.

Marc Foster, o diretor dos dois últimos Bonds, parece um sósia desvairado de Quentin Tarantino (“Pulp fiction”) seguindo o script de dois roteiristas que parecem inspirados nas notícias do Jornal Nacional sobre a Rocinha e o Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro.

O charme, o appeal  e o brilho de James Bond foram se apagando aos poucos a partir de “Octopussy” de 1966, cintilando ainda com Roger Moore em 1973 com “Live and let die”, piscando em “License to Kill” – Permissão para matar, com Timothy Dalton, 1989 e ainda com leve faísca em “Tomorrow never dies” – O amanhã nunca morre –  em 97, com Pierce Brosnam. Ou seja, 007´s bons de se ver, a meu ver, só até ao século passado (estranho dizer isso, não?). Mudou o século e a estética do cinema ou minha estética permaneceu? Que graça tem um maluco correndo, saltando, dirigindo feito um desbragado, atirando a esmo e matando todos os suspeitos que vê pela frente pelo simples prazer de matar, em ações com câmara super rápida, que mal dá para acompanhar, como se você estivesse no olho do furacão? É essa a intenção do diretor?

Casino Royale, com Craig em 2006, foi um fiasco, de público e de crítica. A bilheteria, de acordo com o Box Office Mojo, decresceu de U$ 812 milhões com Goldfinger para aproximadamente U$ 200 com o Casino, entretanto, na frente desse Quantum, Casino Royale  é um passeio no parque com as crianças. A estória é fácil de seguir, a ação, fácil de ser acompanhada. Quantum é confuso, ( nem os diálogos você acompanha), a estória é super complicada, (você tem de assistir pelo menos três vezes para entendê-la logicamente) e, resumindo, é apenas bala sobre bala, com um Bond canastrão com gosto de sangue na boca e os punhos sedentos de porrada. Uma constatação: o novo Bond não é mais irresistível e fascinante para a mulherada; no filme elas dão simplesmente porque também estão afim...

Finalmente conseguiram enfear até a bela Olga Kurilenko, vestindo-a com roupas de flagelada e uma maquiagem marrom-cocô deixando a ex-modelo ucraniana irreconhecível!

Enfim, aconselho a você, amigo, economizar esse dinheirinho e seu precioso tempo: não compre nem alugue, é desapontamento puro, “Quantum of solace” não é prêmio de consolação e não vale nem um pirata de R$5,00 reais.

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