quarta-feira, 26 de abril de 2017

Suave é a noite - (Tender is the night)
Revendo um filme cult

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Se um professor de Psicologia ou Psiquiatria quer exemplificar com detalhes a teoria freudiana do fenômeno usual chamado de Transferência e Contratransferência, muito comum durante os tratamentos psicoterápicos ou analíticos, mande seus alunos, ou quem de interesse na área, assistir ou rever esse filme clássico americano da década de 60.


Na verdade a película é uma adaptação de um livro do famoso escritor americano Scott Fitzgerald, (seu último romance completo), que, por sua vez, teve duas fontes de inspiração: a primeira, para o título após ler uma poesia de John Keats: "Ode a um Rouxinol". Título aliás bem apropriado ao desenrolar do filme, vez que a maior parte se passa em festas ou cenas noturnas em uma mansão na Riviera francesa, a Villa Diana, provavelmente em Nice ou Cannes, pelo desenrolar do filme não se sabe ao certo mas pela época, Cannes é mais provável.

A inspiração para o livro tem tudo a ver com a história pessoal do próprio Fitzgerald. Zelda, sua mulher, rica herdeira de uma família tradicional sulista americana, era o que se chamaria hoje de uma doidivanas, ligada em festas, danças e álcool, muito álcool. Ainda por cima tinha uma personalidade bipolar, o que lhe causou muitas internações psiquiátricas e até um rótulo diagnóstico de esquizofrenia na década de 30.

Numa dessas internações de Zelda, enquanto ela estava em um hospital psiquiátrico de Baltimore, Scott teve a inspiração para o livro. Alugou uma casa próxima e completou o romance feericamente, ajudado por sua Remington e muitos Dry Martinis, naturalmente.

Como disse no início, o fato básico do filme é o Transfer psicológico entre a personagem principal, Nicole Warren, futura Nicole Diver, interpretada com extrema sofisticação e estilo por Jennifer Jones, no auge de sua beleza, e um psiquiatra que a trata, Dr.Dick Diver, com Jason Robards no papel, dando um show de maturidade cênica.

Muitas cenas do filme, inclusive uma das últimas, em que o médico desesperado pela separação, (fenômeno psicológico de contratransferência), é preso por embriaguês, aconteceu realmente com Fitzgerald em uma cidade italiana.

O enredo é linear, ao contrário da versão original do livro que é repleta de flashbacks. Os flashbacks, percebidos no filme pelos diálogos, deixam entrever uma mulher milionária, super mimada na infância, segunda filha queridinha do papai e provavelmente algo nas entrelinhas deixa perceber que também foi abusa por seu daddy, fato que estaria na raiz de todos os seus problemas psicológicos: sua fortes crises de ansiedade e medo, suas regressões e até sua fixação no Dr.Diver como a segunda pessoa do pai já falecido, amado e odiado ao mesmo tempo.

Quando ela consegue perceber e curar essa angustiante dualidade e fixação, por transferência, na figura do terapêuta/pai, acontecidas  após um tratamento terapêutico e analítico com o Dr.Diver, psiquiatra de uma clínica na Suiça, após sete anos de casamento, com algumas regressões, muitas festas na Villa da Riviera, sustentada por seu dinheiro, acaba-se o amor, divorcia-se e mesmo sem amar mais ninguém, une-se a um chato e bombado esportista que a persegue desde o começo do filme.

Com o Dr.Diver acontece o contrário: casou-se com uma paciente, mesmo parecendo não a amar, talvez só para livrar-se de um emprego ruim  e continuar um  tratamento da mulher/paciente quase permanentemente  e ao mesmo tempo em que poderia escrever sua tese sobre o tema, já iniciada mas nunca terminada. Termina porém loucamente apaixonado e à medida que ressurge uma outra Nicole, mais ele fica dependente dela financeira e emocionalmente e mais se apaixona por ela, um novo e moderno Pigmalião (na mídia, bem como na literatura, tudo pode servir de inspiração).
Tão apaixonado que despreza até a bela e gostosa periguete e arrivista Rosemary, (Jill St. John), que dá em cima dele o tempo inteiro.
Enfim, como deixa perceber a irmã de Nicole, Baby Warren, a um médico aniquilado, que tem de começar sua vida do nada: uma pessoa fraca, à medida em que se fortalece, pode destruir o forte que está mais próximo, transformando-o em um fraco. Na verdade a mulher, ainda durante o processo de separação,  lhe ofereceu dinheiro para que ele fosse sócio da clínica onde trabalhou. Diver porém, por questões outras, tenta voltar a trabalhar, agora como diretor, mas não aguenta, joga tudo para o alto. A lição final parece ser: delete tudo e comece do zero.

Se alguém não conseguiu gostar desse tipo de filme, quase um noir, apesar da technicolor, vai gostar da estória subjacente do personagem Abe North (Tom Ewell), um pianista que nunca consegue chegar ao final de sua composição principal, justamente a música tema do filme: "Suave é a noite", outro cult musical.

A versão com Moacyr Franco, no You Tube, é imperdível:

https://www.youtube.com/watch?v=axmaKI55bJ4

Ou o vídeo com cenas do filme e a música tema:

https://www.youtube.com/watch?v=QOdEeGXbxFo

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