No Jardim de Luxemburgo
(Winston, Paris, 2015)
(Paris, 2015)
No jardim de Luxemburgo
experimentei a sensatez
das palavras do poeta frances
com a sensação recorrente
de que ao ter andando correndo
sempre em frente
em direção ao lago
a juventude não passou
nem para mim turista ao leu
nem para a estátua nua
que tem como chapéu
uma cascata de pombos.
Árvores centenárias
assobiam os estribilhos
da velha Marselhesa
em frente ao palácio do Senado
que Maria de Médici
viúva da nobreza
mandou construir
na pós renascença
com saudades de sua Florença.
Miro-me no lago
Narciso ao contrário
e percebo aziago
que Gérard de Nerval
tinha razão:
ela a juventude,
La jeune fille,
passou rápida
como a imagem da criança
correndo com seu balão.
Olho em direção ao banco
onde está sentado
um cidadão de cabelo branco
quase entregue a Morfeu
com um livro caído ao colo,
serei eu?
Aproximo-me e leio
na contracapa
as últimas palavras
do poeta demiurgo
escritas há mais de cem anos
nesse mesmo jardim:
Parfum, jeune fille, harmonie,
Perfume, mulheres e harmonias
passam fugidias
como os pombos de Luxemburgo.
No jardim de Luxemburgo
experimentei a sensatez
das palavras do poeta frances
com a sensação recorrente
de que ao ter andando correndo
sempre em frente
em direção ao lago
a juventude não passou
nem para mim turista ao leu
nem para a estátua nua
que tem como chapéu
uma cascata de pombos.
Árvores centenárias
assobiam os estribilhos
da velha Marselhesa
em frente ao palácio do Senado
que Maria de Médici
viúva da nobreza
mandou construir
na pós renascença
com saudades de sua Florença.
Miro-me no lago
Narciso ao contrário
e percebo aziago
que Gérard de Nerval
tinha razão:
ela a juventude,
La jeune fille,
passou rápida
como a imagem da criança
correndo com seu balão.
Olho em direção ao banco
onde está sentado
um cidadão de cabelo branco
quase entregue a Morfeu
com um livro caído ao colo,
serei eu?
Aproximo-me e leio
na contracapa
as últimas palavras
do poeta demiurgo
escritas há mais de cem anos
nesse mesmo jardim:
Parfum, jeune fille, harmonie,
Perfume, mulheres e harmonias
passam fugidias
como os pombos de Luxemburgo.