No início, na pré-história da WEB, com as BBS dos anos 80, em que você enviava textos por DOS (windows estava começando), podem acreditar, o email existia e eram cartas, bilhetes, congratulações, recados. O máximo que se anexava era uma pequena foto em .GIF.
Saudosismo? Responda: o que é um email hoje? Digamos, numa estatística chutada: 30% spam, 20% filminhos idiotas, 20% pps de autoajuda, 5% besteirol, 5% piadinhas de corno e viado, 5% escândalos políticos que você já viu na mídia, 5% da turma do “hay govierno, soy contra”, 5% de fotos escaneadas de mulher pelada e talvez apenas uns 5% de assuntos que realmente possam interessar! Isso significa dizer que se a gente passa 60 minutos no leitor de emails, aproveita apenas 3 minutos, além de mais alguns minutos para deletar lixo.
Tudo bem, minha avó já dizia que certas coisas não se diz por escrito, mas, lógico que ela se referia a assuntos de privacidade, estritamente pessoais (e além do mais não conhecia o Twitter nem o Orkut). Ou será justamente isso (?), cada macaco no seu galho: o Twitter responde por mensagens relâmpagos e pessoais e o Orkut por você total, nu para o mundo, além das mensagens estritamente pessoais no SMS do seu celular. O email se desquitou dessas mídias e assumiu seu papel: reciclador de lixo, piadas, pegadinhas e peladas!
Chegamos ao ponto. Recadinhos pessoais? SMS. Recadinhos impessoais? Twitter. Pelo Twitter, seus amigos sabem onde você está e o que anda fazendo. Ele é uma espécie de feed do seu cotidiano, seja ele interessante ou não. Encontros, desencontros e confissões? Orkut. Quer se comunicar com alguém em nível mais pessoal e num bate-papo mais longo? MSN ouSkype.
Acredito, entretanto, que, além de recipiente de lixo, emails ainda possam ser mensagens de amigos, relatos de vivências interessantes, assuntos que realmente possam interessar aos amigos ou colegas que você realmente conhece. Refiro-me ao email do dia-a-dia, não aos emails de trabalho, onde ele o PC se transforma na antiga máquina de fax.
Como alguém já disse: “enquanto a tecnologia não substitui de vez as linhas telefônicas, quem apanhou mesmo foi o e-mail.”. O velho darwinismo agindo também nos meios de comunicação. Um cruel darwinismo tecnológico. A mídia que conseguir se adaptar, sobreviverá! Espero que o Email se adapte á supracitada estatística, mas para sua sobrevivência terá que cortar % nos Spams, nos PPS auto-ajuda e nas piadinhas de mal gosto.