Não sei porque, ao ouvir Chopin, percorre-me sempre uma onda de relax pelo corpo, do pé do pescoço ao fim da coluna, dos dedos do pé ao alto do giro frontal!
Uma paz doce e suave como um momento pós orgasmo.
Um Noturno de Chopin ao piano e eu fico a me imaginar no sul da Espanha, em Palma de Majorca, onde as ondas do mar azul do Mediterrâneo se diluem em espumas nas rochas da Costa Brava.
É noite, sentado em um salão iluminado por velas, escuto o barulho do mar misturado ao som dos dedos magros de Frederick ao piano, com George Sand a seu lado, bela e feminina, apesar do nome e das roupas masculinas, acariciando os cabelos de Chopin.
Ao som do Noturno Nº 2, opus 9, sou apenas um espectador virtual, que viaja na imaginação, levado pelas tristezas e preocupações noturnas. A noite mexe com as glândulas e os pensamentos. Apago a luz, me embalo pela tristeza de uma Polonaise e durmo me sonhando numa sala iluminada por lampiões, um candelabro de velas sobre o piano e nós três ao som dedilhado por teclas, levados em turvelinho ao ápice de uma paz surreal.