Felix Mendelssohn Bartholdy é mais popular por sua “Marcha nupcial”,
peça abusivamente executada em casamentos, mas seu Concerto em mi para violino e orquestra é uma experiência musical e psicológica muito forte. O 1º movimento desse
concerto do judeu Mendelssohn é uma tremenda sacação emocional de certos lances
da vida! Prenúncio de drama, de pesadelo. A fala nervosa e irritada dos
violinos nas oitavas, discutindo com os celos e oboés alguma problema grave.
Uma sensação de algo pesado e difícil. Sensação de anúncio e escape a
algo não muito bom a acontecer. Um sonho ruim de passado que tenta se continuar
no presente. “Bad memories” em “present-perfect-tense”.
Ventania e clima alternado frio/quente/carregado.
O céu ameaça cair, qualquer hora a casa cai.
Como vamos ficar? Há abrigos? A quem recorrer?
Mas há soluções à vista.
Cathy, perdida no “O morro dos ventos uivantes”, sozinha, à
meia-noite, lá no topo do morro,à beira do abismo .
Difícil equilíbrio shakespeariano entre o ser e o não ser...
Poderia ser alguém de nós, só, às 11 da noite em plena praça do
Ferreira em Fortaleza, desfilando liso e desarmado entre marginais com a espada
de Dâmocles sobre a cabeça.
Talvez tenha sido isso que Mendelssohn quis passar através da música
nesse concerto: uma sensação desagradável que vem à tona rápida, persistente,
insistente como um gosto de azinhavre ou de braço de poltrona na boca.
Conselho: pule o primeiro movimento (ou não, para se aliviar no
segundo e no finale). O segundo mostra que a tempestade típica de Orlando no
verão, mesmo com seus trovões e relâmpagos, era apenas e nada mais que uma
simples e passageira chuva. Não caíram coriscos. O vento forte agora é uma
brisa leve. Nuvens cinzentas se esfumaçaram.
Há um diálogo calmo entre os instrumentos (interlocutores). Calmante sem uso de drogas.
O drama pintado era prelúdio de saídas. Soluções aparecem quando menos
se espera.
Há que se ter confiança e esperança e o diabo nunca é tão feio como se
pinta.
Pode-se pelo menos assobiar, sorrir, nunca gargalhar, mas pelo menos
dormir.
O acalanto vem no Finale.
A paz se derrama saltitante, quase gay como Gene Kelly em “Cantando na
Chuva”.
Há entendimentos e “insights”, luzes no fim do túnel.
Nada é grave, nada é grande, nada deve perturbar o curso da vida, esta
sim, embora curta, deve ser grande. Tudo agora parece pequeno diante da
grandeza da vida.
Tudo é superável: climas, situações, problemas, conflitos,
preconceitos.
Agora a beleza, a alegria e o consenso falam mais alto.
Até que enfim a catarse. Retorna-se ao “joie-de-vivre”.
Concerto completo de Mendelssohn em Mi menor – uma sessão musical de descarrêgo!
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