Uma das coisas que me surpreendeu quando estive em Barcelona, há alguns anos atrás, foi uma estátua de Cristóvão Colombo, no alto de um pedestal de 50 metros de altura, de costas para a cidade e de frente para a baia do cais de “la Fusta”, apontando para o mar em atitude indicativa!
Que teria Colombo a ver com Barcelona? Porque os catalães teriam erigido uma efígie em homenagem, segundo a história oficial, a um pretenso italiano de Gênova?
Em um bar nas Ramblas perguntei a um provecto senhor, aparentemente conhecedor das coisas da cidade, porque Colombo estava ali no “moll de la Fusta”, apontando para o Mediterrâneo!
- Colombo não era genovês, era Catalão, respondeu o cidadão. E não está em direção ao mediterrâneo. Aponta para o estreito de Gibraltar. Deste cais ele saiu para o Atlântico em direção à América...
- Mas...
- No más. Punto y basta.
Bosta, pensei eu, e continuei matutando toda vez que me dirigia à região do Port Vell ou à Barceloneta, atravessando a Avenida Colombo ( Paseig de Colón) pela Rambla.
Não perdi uma vírgula. Ou melhor, perdi porque me esqueci de gravar.
Um doutor em arqueologia e antropologia, professor de uma daquelas famosas universidades americanas, não lembro se Harvard, Stanford ou Yale, Charles Merril investigou minha ( e de inúmeros outros historiadores) insistente pergunta e chegou à conclusão de que Cristóvão Colombo realmente era um catalão que mascarou e escondeu suas origens até à morte.
Seu próprio filho, D.Fernando Colombo, escreveu um livro (em castelhano), “História Del almirante D.Cristóbal Colón”, obscurecendo a pátria e a origem de seu pai, por vontade expressa do seu progenitor.
Segunda pergunta intrigante: por que?
Fatos apresentados pela teoria Catalã:
- Todos os escritos de Colón, como se intitulava, foram escritos em língua castelã (castelhano), com expressões típicas do coloquial catalão.
- Até nos seus escritos em latim, língua erudita
- daquele período, escreveu com forte influência hispânica e não genovesa.
- À época a Catalunya pertencia ao reino de Castela e Aragão.
- Colón era um navegador inimigo de João II, aspirante ao trono de Aragão, contra o qual lutou em várias batalhas navais e depois foi sucedido pelos reis católicos D.Fernando e D.Isabel.
- Colón permaneceu algum tempo em Portugal, que em meados do século XV ainda pertencia ao reino de Castela e Aragão, tendo se casado com uma fidalga portuguesa.
- Fidalgos só se casavam com fidalgos e judeus ricos com judias ricas.
- Após exames de DNA feitos nos ossos de Colombo e do seu irmão, mostrados no documentário, Merril descobriu que Colombo era judeu “sefardi” de acordo também com a tese de outro historiador, Salvador de Madariaga (DE MADARIAGA, Salvador. “Vida del muy magnífico senõr Don Cristóbal Colón”. [S.l.]: Espasa-Calpe, reimpresso em 1975), segundo informação do site Wikipedia.
- Colón teria ocultado ou mascarado sua verdadeira origem por vários prováveis motivos: queria muito dinheiro dos reis católicos para financiar sua incursão às Américas e, sendo judeu e tendo lutado contra João II, jamais seria admitido à corte de D.Isabel e principalmente para fugir da perseguição da “Santa Inquisição”. Melhor seria ser confundido ou se passar por genovês, uma vez que muitos de seus ascendentes, os Coloms ou Columbus, em latim, seriam judeus sefardi de Gênova, fugidos da perseguição da Inquisição italiana para a Catalunya onde, de acordo com o mesmo Madariaga, teriam se convertido a “novos cristãos”.
Outras teorias foram lançadas, até de alguns historiadores portugueses no começo do século XX de que Colombo seria português...(por ter casado com uma portuguesa?). Bem, aí já é outra estória de português, (não outra história)...
Agora entendo a estátua de Colón do alto de seu pedestal em Barcelona e torço para que essa teoria vá fundo, desmascare a história oficial e revele a verdadeira biografia de um herói, um guerreiro, um desbravador,um homem que mudou o mundo.