Seis anos de convivência intensa, forçada pela circunstância
de bancos universitários.
Seis anos de amizades, conivências, esperas, brincadeiras,
bebedeiras, confidências, alegrias e tristezas compartilhadas.
Seis anos de estudos, papos acadêmicos, provas, passeios, vinhos, sangrias, praias, suor, cervejas e
algumas lágrimas.
Seis anos de violões, luaus, luares , luaradas, serenatas, e
beira-mares.
Trocas de idéias e de esperanças, partilhas e confianças.
Seis anos de amizades.
Dez ou mais anos de afastamento, separações circunstanciais, forçadas pelo
trabalho e pela cidade grande.
Apenas dez anos bastaram para afastar
do real, sentimentos, alegrias, dores, esperanças e taças não compartilhadas e
lançá-los no baú virtual da memória. Dez anos de pensamentos opostos, afazeres
opostos e caminhos opostos.
Seis minutos. Só seis minutos de reencontro. O choque, o
nada, o vazio, o titubear das palavras, o estourar da tênue bolha em que se
transformam as amizades não cultivadas.
Apenas a frieza do aperto de mão, os olhares mortos e
aburguesados e o punhal-palavra-assassina da velha música cantada por Fagner:
- “Olá, como vai?
- Eu vou indo e você, tudo bem?”
Não, Milton, infelizmente amigo é coisa que a distância
evanesce e não deixa guardar!
(Link para "Canção da América":)