Revendo alfarrábios e recortes da década de 80 deparei-me com um artigo de antiga e extinta publicação de uma empresa de ferragens em Fortaleza (também antiga e talvez extinta) chamada de "A Ferragista".
Transcrevo abaixo o recorte de autor apócrifo (se alguém souber o nome me avise).
O texto que me tocou há trinta anos, tocou-me novamente em sua releitura. Ei-lo:
"Teu filho não é o intruso que adentra o lar, mas o convidado que trouxeste à experiência da vida.
Não é o estranho que traz incômodos...
Não é o ser equivocado a cruzar-te acidentalmente o caminho mas a providencial presença que desde cedo esperavas e pediste para compor teu grupo familiar.
Não será o algoz de teus dias mas por certo expressará os impulsos divinos manifestos na interdependência das vidas.
Não servirá a ti por simples fatalismo ou obrigação social mas traduzirá o bem que te deve na relembrança atávica de vidas solidárias.
Ao reconhecer a teu lado a figura frágil e dependente de teu filho, lembra-te: ele é teu conviva, não o decepciones, seja qual for tua vida.
E se observares a teu lado um filho agressivo, intolerante ou ingrato, não recuses a ele o amor, o apoio e a tolerância, qualquer que seja teu sentimento vivencial.
Lembra-te: teu filho é o convidado para a belíssima festa da vida.
Dê-lhe a prova de que, ao trazê-lo para a existência terrena, não o decepcionas.
Estimule nele a alegria de viver e para que cumpras tua missão de (em parte) responsável pelo destino de teu filho: convive com teu filho.
("psicografado" de "A Ferragista" - Fevereiro de 81)