domingo, 8 de fevereiro de 2009

O DISCRETO CHARME DA BURGUESIA

Revendo-se o discreto charme de um filme típico de Luis Bunuel, realizado em 1972 percebe-se que o filme continua uma parábola onírica atual, enigmática e ao mesmo tempo contundente sobre o clero e a burguesia.

Um clássico mundial do cineasta espanhol onde o inusitado e o insólito marcam cenas aparentemente surrealistas mas de uma clara lição a quem souber lê-las, como um analista em uma sessão psicoterápica, embora impregnadas de aspectos e pensamentos da esquerda da década de 70, pós barricadas parisienses de 1968.

25 cenas se dispõem como um"puzzle", um brinquedo de montar em 25 sessões de catarse. Seis personagens principais representados por atores desconhecidos, no melhor estilo Pasolini parecem dispensar o próprio Buñuel na direção.

Não é um filme para ser visto. É um filme para ser revisto no bom figurino "Cult".

Há tantas leituras possíveis quantas prováveis! O filme começa realmente na cena 2 e Buñuel dá seu recado mais importante entre a 2ª. e a 13ª cenas.

CENA 2: Restaurante.

O dono morreu, mas o restaurante abre como se nada tivesse acontecido! Show must go on.

Ao autor e atores não interessam pessoas ou verdades pessoais, interessa a arte em si, esta não deve faltar. O autor se despoja ao entrar para o altar da arte. O show deve continuar.

CENA 3: O burguês,

representante da elite do terceiro mundo, atira no cão de brinquedo alegando que a dona é terrorista. O velho chavão das ditaduras paranóicas da América latina.

CENA 4 : A droga,

trazida de contrabando pelo embaixador dos Estados Unidos. As elites também praticam seus pequenos (?) crimes. A elite corrupta sempre tira partido de sua posição política/social mas age discretamente, "comme il faut".

CENA 5: A casa.

Chegam as visitas, amigos, para um jantar que não se realizará.

Os anfitriões fazem sexo escondidos no jardim. (As amizades são superficiais e de conveniência.) São menos importantes que um ato sexual. Os visitantes aguardam e bebem enquanto discutem a forma certa dos copos de cristal para determinadas bebidas como se esse "savoir-faire" fosse a coisa mais importante do mundo.

CENA 6 : Os anfitriões.

Escondidos num mal cuidado jardim, fazem sexo, alheios ao que se passa em sua casa. (Buñuel tenta mostrar que para um bom burguês, casa não tem o mesmo sentido de lar. Para a burguesia, lar-doce-lar é uma frase inventada pela classe média. Casa é apenas o espaço que hora se ocupa.

CENA 7: A frase clichê:

“Nenhum sistema pode dar educação ao povo". (Mas educação, para o interlocutor, é apenas uma questão de etiqueta: saber como beber preparar e beber um Dry Martini. Para corroborar a tese, testam o motorista). Cansados de esperar os donos da casa, decidem ir embora, menos pelo casal, mais pelo tédio.

CENA 8 : A Igreja,

na pele do bispo da Diocese, chega a humildemente à casa para servir à burguesia como um simples lacaio (jardineiro). A burguesia o expulsa. Ele não aparenta nenhuma autoridade com suas roupas de pároco de aldeia. (O hábito faz o monge). Mas o bispo se veste de bispo e alega que a Igreja mudou e agora é bem aceito para servir à burguesia como um mero jardineiro, afirmando que aprendeu jardinagem por tradição - manutenção do "status quo" - tradição é a palavra chave para a burguesia. (Aqui uma linguagem explícita, quase brega do chavão socialista: a Igreja lacaia do capitalismo).

CENA 10: Uma orquestra de velhos

toca em uma casa de chá, (mito de eunucos em harém). As mulheres se reúnem para o ócio típico das dondocas: a vida alheia e o papo furado.

CENA 11: O onirismo à La Dali:

Um militar se aproxima e conta sua história onírica: um pesadelo em que sempre a mãe morta relatando ao filho sua (dela) traição. O militar é o superego feminino a amedrontá -las com o mito da maternidade maculada.

CENA 13: A traição.

Uma das mulheres tem um encontro amoroso no quarto do embaixador. Chega o marido para dar uma notícia ao embaixador. A mulher pergunta:

- Quem está ai?

- É seu marido, responde o embaixador.

(A infidelidade é normal) (?).

E o resto é com quem quiser rever esse “Cult”.

Luar sobre Fortaleza

Luar sobre Fortaleza
Praia de Iracema

Lady Godiva

Lady Godiva

Info-Arte

Info-Arte
Verso e reverso

Fotopoema

Fotopoema
Nascimento

Fotopoema2

Fotopoema2
Picasso - Guernica

O Sudoku de Ant.Gaudi no portal da Sagrada Família em Barcelona

O Sudoku de Ant.Gaudi no portal da Sagrada Família em Barcelona
Qualquer soma nas colunas, nas linhas ou em X dá 33: a idade de Cristo na cruz!

Pensamento1

Pensamento1
Fanatismo

Dies irae dies ille

Dies irae dies ille

These foolish things

These foolish things

Tem dias...

Tem dias...
Tem dias!

Wicked game (Kris Izaac)

Wicked game (Kris Izaac)

Babalu

Babalu
Fotopoema

Festival de Natal - Lago Negro - Gramado-RS

Festival de Natal - Lago Negro - Gramado-RS
Nativitaten - um espetáculo que se renova e merece ser visto e revisto!