Ecumênicos sine die
Les bourgeois c'est comme les cochons,
Plus que ça grandit, plus que ça devient can.
(Canção francesa)
Nunca vou entender por que insultam os burgueses. Se você reparar bem, eles são os autênticos cidadãos do mundo. Como, não? Um burguês venezuelano, um espanhol, um francês e um da Arábia Saudita são muito mais unidos que um comunista chinês, um peruano e um russo. Estes podem ser comunistas até dizer chega, mas um nacionalismo acérrimo os separa para sempre. Em compensação os burgueses têm uma única pátria que é a burguesia, e dentro dela a distribuição do mobiliário é idêntica: aqui a grana, aqui a religião, lá a moral sexual, mais para lá a camisa listrada. Só falta falarem em latim para manter viva aquela universalidade tão sonhada que ao que parece existia na Idade Média, mas agora com as máquinas de traduzir, Mac Luhan e o inglês em vinte lições, logo, logo não vai haver problema.
(Julio Cortázar – “Último Round” – Tomo II)