sábado, 10 de abril de 2010

Revendo "Terra em Transe"

Revejo “Terra em Transe”, o antológico filme brasileiro de 1967, direção e roteiro de Glauber Rocha.
Embora Glauber se achasse, e se levasse demais a sério com suas metáforas corajosas para a época, falta-lhe a verve e o biscoito fino que alimenta os cinéfilos, talvez devido à própria época de chumbo em que o filme foi feito e talvez porque o próprio roteiro bate de frente. Eis o grande mérito!

Et pour cause, “Terra em Transe” é pesado, diria quase depressivo! Uma linguagem rápida jogada na cara do freguês sem muita transpiração, como convinha à época, “comme Il faut”...

Dramático mas ao mesmo tempo excessivamente teatral. Caberia melhor num palco. Mas Glauber fez da telona seu palco, seu palco de protesto. Planos em conjunto, mas muitos primeiro planos, closes para diálogos mais próximos do auditório.

Percebo que  essa “Terra...” é uma mistura de  Macbeth tupiniquim com um Falstaff terceiro-mundista!  Um recital anímico de poesia política. Percebo como é bom ver um filme antológico anos depois que a poeira de estrelas senta.

Assusto-me com diálogos proféticos e geniais que podem abranger mais uns cem anos de América Lat(r)ina. A impostação das falas pode soar falso mas Deus sabe como foram verdadeiras para a história.
“Terra em Transe” é um flash verbal da ascensão e queda de um Presidente de República “bananeira” – poderia ter sido Getúlio, Jânio, Jango ou mais cem outros desse continente tão marcado por sua cultura colonial, onde não faltam pelegos, bajuladores, arrivistas, aproveitadores, maquiáveis e richelieus, na sempre fictícia república de Eldorado, onde Porfírio Diaz e Julio Fuentes continuam por aí, mais vivos que nunca.

Como o rever filmes pode ser instrutivo e compensador para o ego! Como o distanciamento temporal estimula nossa visão e senso crítico!
Posso até extrapolar, a partir de uma ótica pessoal, que “Terra em Transe” não é um filme, é um documentário artístico-histórico-teatral, como os antigos teatros Kabuki  chineses. Posso até, estando mais longe do mito, dizer que Glauber não foi tão genial assim como cineasta, mas sim como profeta de seu tempo e como um artista corajoso, que apesar do clima que rolava, teve peito para dizer o que queria em cinematográficos monólogos.

E como é gratificante ver monstros sagrados como Jardel Filho, Glauce Rocha, José Lewgoy, Paulo Gracindo, Hugo Carvana, Jofre Soares e outros, todos juntos, dando shows de interpretação!

No “The end”, resta só lamentar a partida tão prematura de Glauber em hospitais d´além-mar.

Pensamento-Testamento de Glauber em "Terra...":
* O gênio é eclético - constroi seu mundo a partir de todos os mundos conhecidos.
* A arte é um traço de união entre duas reticências...
* Uma obra quando transcende o tempo, mesmo com elementos de passado e presente, aparenta incompreensão.
* Quando as verdades não vêm rotuladas com ismos tornam-se proféticas.
* Cinema não é teatro - teatro é diálogo.
* Cinema não é literatura - literatura é praxe.
* Cinema não é TV - TV é o casuísmo passageiro.
* Cinema é apenas cinema.


Luar sobre Fortaleza

Luar sobre Fortaleza
Praia de Iracema

Lady Godiva

Lady Godiva

Info-Arte

Info-Arte
Verso e reverso

Fotopoema

Fotopoema
Nascimento

Fotopoema2

Fotopoema2
Picasso - Guernica

O Sudoku de Ant.Gaudi no portal da Sagrada Família em Barcelona

O Sudoku de Ant.Gaudi no portal da Sagrada Família em Barcelona
Qualquer soma nas colunas, nas linhas ou em X dá 33: a idade de Cristo na cruz!

Pensamento1

Pensamento1
Fanatismo

Dies irae dies ille

Dies irae dies ille

These foolish things

These foolish things

Tem dias...

Tem dias...
Tem dias!

Wicked game (Kris Izaac)

Wicked game (Kris Izaac)

Babalu

Babalu
Fotopoema

Festival de Natal - Lago Negro - Gramado-RS

Festival de Natal - Lago Negro - Gramado-RS
Nativitaten - um espetáculo que se renova e merece ser visto e revisto!