segunda-feira, 26 de abril de 2010

A tarde desce com o sol e só, da minha varanda, observo os carros, aves de arribação metálicas, em revoada não se sabe para onde, congestionando o trânsito e liberando o pó cinza com que a cidade se maquia.
Ligo o som e ouço o “Prelude d´après-midi d´un Faune”, de Debussy, o que fez música pra incensar, relaxar e colorir as tardes e quiçá, as noites dos amantes.
Ouço motoristas que buzinam estressados e percebo que lhes falta um Debussy no player do carro.
Claude Debussy, francês de formação musical de conservatório,  viveu apenas 56 anos, de 1862 a 1918 e era essencialmente um impressionista, mesmo não sendo pintor deve ter tido forte influência dos movimentos pictóricos impressionistas da época.

Mesmo impressionista sua música não é descritiva, ela apenas dá cor ao som à harmonia, aos ouvidos. Pode até sugerir clarões azulados de raios de luar em “Clair de Lune”, mas como todo bom impressionista abstrato, é isso que ele faz: apenas sugere paisagens-tempo-espaços em forma de som. Podemos até sentir o calor e o vapor de uma tarde modorrenta, como, por exemplo, quando se ouve “As Estampas”! Ou os tons verdes de “Homenagens aos arbustos” ou ainda as cores  brilhantes e cristalinas de “Reflexos sobre as águas”.

Diz-se que frequentava os saraus de Mallarmé, aonde acorria a nata intelectual e artística da época, mas parece que sua maior influência foi mesmo da música oriental da qual se impregnou bastante durante as apresentações orquestrais na  grande exposição internacional de Paris em 1889. Antes disso, quando tinha apenas 27 anos, recebeu o Grande Prêmio Romano de composição e viajou para a Rússia, quando teve contato com Mussorgsky e sua música (“Quadros de uma exposição”, gravado até por bandas de rock and roll), principalmente a “Abertura da Páscoa russa” com seus acordes dissonantes.

Ouvindo o “Prelúdio na tarde um Fauno” sinto claramente que a música clássica moderna começou aí. Percebe-se porém que seu impressionismo pleno só aparece quando a orquestra participa com volume maior em segundo plano ao piano, mas o piano é sempre o astro principal, o carro-chefe, o band–leader. Sem ele não haveria Debussy nem esse poder relaxante de sua música, serena apesar de sua conturbada vida pessoal e conjugal e do câncer consuntivo dos seus últimos meses de vida. Disse o intelectual francês, Jean Cocteau sua música era para ser ouvida com a cabeça reclinada sobre as mãos...

Prelude, Clair de Lune, Arabesque, Reflexes sur l´eau são obras que sugerem os títulos e lhe transportam à sugestão, sem as cadências musicais rítmicas e repetitivas (se perdeu o caminho, pegue outro) da herança barroca de Bach, clássica de Mozart ou romântica de  Beethoven. Debussy é único em lhe conduzir a estradas onde visão e audição se completam.
Se for à farmácia comprar um benzodiazepínico, não vá: ao invés, compre um CD/DVD/Bluray/MP3, MP4, o que quer que seja, e relaxe com o barato da música de Debussy.
Se está em casa sozinho ou até bem acompanhado, ligue-se, conecte-se e se transporte a um mundo musical de paisagens serenas e pessoas agradáveis como  “La fille aux cheveaux de lin” (“A moça do cabelo de algodão”).
Se não quer pressa em suas noites quentes, acenda o abajur e o som dos “Nocturnes” com suas cores lilás. 
Se no trânsito congestionado, descongestione-se com os “Arabescos” (o motorista da frente agradece). Não se importe com os pequenos espaços de silêncio – o silêncio também faz contraponto com todas as boas músicas.

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