segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Vai de avião? Atenção no check-in!

Se você pensa que os percalços das viagens aéreas são apenas: o jetlag, as cadeiras apertadas da classe executiva, a fila do banheiro, as enjoativas e assustadoras zonas de turbulência, a fome não saciada pelas barrinhas de cereais, o gordo enjoado que ocupa os dois braços da poltrona... Ok! Tudo isso pode ser a cilada, mas, ledo engano! O principal sobrosso de uma viagem de avião são os pestinhas, sobretudo os de 1 a 5 anos. Eles mesmos, menininhos e menininhas, cada vez mais numerosos nas aeronaves, como se houvesse uma maternidade secreta atrás da cozinha do avião, ou, quem sabe naquele espaço onde ficam as aeromoças.

As funcionárias do check-in deveriam acrescentar uma advertência fundamental aos não portadores de pestinhas:

- Jamais escolham as primeiras filas da aeronave, da número um à número oito é onde pululam os pestinhas.

Aí você pensa: dá pra agüentar... Dá não! E só tem uma compensação – a “children zone” fica mais perto dos toaletes.

Bom, dá pra agüentar se você não se importa com choro alto e gritos lancinantes que nem os fones de ouvido conseguem abafar. Atenção, porém, esse é o espaço dos pulos e saracoteios primatas, dos chutes constantes e persistentes atrás de sua poltrona, reverberando em seu cérebro como o som dos secos e enormes tambores cerimoniais japoneses. O pestinha Ronaldinho está atrás. Ele/ela se julga um fenômeno em permanente treino. Cuidado se está no colo da mãe - pode atingir sua cabeça direto em golpes certeiros. Se seus olhos não saltarem das órbitas o que lhe resta é uma dor de cabeça.

O pestinha tagarela não pula – é mais intelectualizado – ele até lê suas historinhas bem alto, pra todos os passageiros não perderem o lance da corrida entre a tartaruga esperta e a lebre retardada. Enquanto não lê ele tagarela, tagarela, tagarela e até você, após ter chegado ao destino, fica com os ouvidos emprenhados e sem querer, solta uma frase igual ao Cebolinha, do Maurício de Souza.

Mas o pior pestinha mesmo é o cagão de fraldas! Ele empesta todo o avião e nem papai ou mamãe, de tão acostumados, conseguem mais identificar a hora exata da troca e haja aroma flutuando sobre as poltronas.

Se a mãe se esquece que não está em casa ou não sabe que o toalete tem um espaço próprio para trocas de fraldas e resolve trocá-lo ali mesmo, no colinho, você presencia coisas estranhas no comportamento dos passageiros mais próximos: além de lenços no nariz, gente se abanando, lançando olhos desconfiados para os vizinhos, alguns olham desesperadamente para as portas de emergência!

Atenção no check-in: a região anterior do avião pode ser uma fria. Agora entendo porque os pilotos ficam hermeticamente fechados em seus cockpits.

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Asclépio, o cão e as cobras

Alguém me perguntou por que a data atual de comemoração do dia do médico é em 18 de outubro. Esse dia é comemorado como o Dia Internacional do Médico desde os tempos da Grécia antiga, pois nesse dia se comemorava a festa do deus grego da medicina: Asclepion, que posteriormente no império romano mudou de nome para Esculapius.

Asclépio, que nada a tinha a ver com Hipócrates, que era médico porém comum mortal, era considerado um deus na Grécia porque se acreditava ser ele filho de Apolo (deus da beleza) com uma grega chamada Coronis. Segundo a lenda, Asclépio tinha uma fina educação a ele dada por um centauro – Quiron – que lhe ensinou não apenas coisas ligadas à Medicina, mas também ligada às artes, cultura e música. Asclépio era um exímio tocador de flauta e lira, além de ter sido inventivo cirurgião. (Pelas esculturas e baixo-relevos da época, acredita-se ter sido ele o inventor das bandagens e dos drenos).

Sua imagem é sempre retratada com uma serpente, animal que para os gregos simbolizava a ressurreição! Justamente aí residiu a desgraça de Asclépio: a insurreição e insubordinação diante da morte. Por essa razão Asclépio foi eliminado pelos raios dos Ciclopes, a mando de Zeus.

Seus filhos entretanto continuaram seu trabalho. Hygea, a filha mais velha, ficou famosa porque ensinava como conservar a saúde através de hábitos de “higiene”. (Observe o nome). Panacea, a segunda filha, ensinava a usar plantas e cascas de árvores á procura de um remédio que curasse todas as doenças. (Observe a palavra em português: “panacéia”). Machaon (Miguel?) e Podalirion foram cirurgiões famosos na guerra de Tróia, sendo citados por Homero na Ilíada.

Diz-se que Asclépio andava sempre com um cachorro, (Hipócrates também), pois os cães sempre procuram comer as ervas certas quando se sentem doentes. Isso provavelmente lhe daria as dicas das plantas medicinais corretas para o tratamento de doenças que se assemelhasse ás do cão. A figura da serpente, entretanto, é mais simbólica, e é assim que Asclépio foi representado no Panteon grego. E foi ela que Hipócrates escolheu para adornar seu cajado. Assim também alguma associação médica do passado a escolheu para o logotipo da Medicina, um par, representando também o equilíbrio, ou talvez uma para o deus Asclépio, outra para o pai Hipócrates. (Ou, como a plebe vulgar explica as duas cobras: “se cura, cobra, se morre, também cobra”...).

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Emails não são mais mensagens!

Emails atualmente são um amontoado de lixo, inverdades, invencionices, opiniões sem fundamento, carradas de spams, pps piegas de autoajuda, filmes de pegadinhas e muita foto de mulher pelada. Lixo que fica sendo chutado pra frente numa corrente sem fim, que periodicamente retorna a você e vai entulhando seu provedor, necessitando de uma faxina quase diária. Isso sem falar dos avisos e links mal intencionados, spywares e phishings que escondem armadilhas para os incautos!

No início, na pré-história da WEB, com as BBS dos anos 80, em que você enviava textos por DOS (windows estava começando), podem acreditar, o email existia e eram cartas, bilhetes, congratulações, recados. O máximo que se anexava era uma pequena foto em .GIF.

Saudosismo? Responda: o que é um email hoje? Digamos, numa estatística chutada: 30% spam, 20% filminhos idiotas, 20% pps de autoajuda, 5% besteirol, 5% piadinhas de corno e viado, 5% escândalos políticos que você já viu na mídia, 5% da turma do “hay govierno, soy contra”, 5% de fotos escaneadas de mulher pelada e talvez apenas uns 5% de assuntos que realmente possam interessar! Isso significa dizer que se a gente passa 60 minutos no leitor de emails, aproveita apenas 3 minutos, além de mais alguns minutos para deletar lixo.

Tudo bem, minha avó já dizia que certas coisas não se diz por escrito, mas, lógico que ela se referia a assuntos de privacidade, estritamente pessoais (e além do mais não conhecia o Twitter nem o Orkut). Ou será justamente isso (?), cada macaco no seu galho: o Twitter responde por mensagens relâmpagos e pessoais e o Orkut por você total, nu para o mundo, além das mensagens estritamente pessoais no SMS do seu celular. O email se desquitou dessas mídias e assumiu seu papel: reciclador de lixo, piadas, pegadinhas e peladas!

Chegamos ao ponto. Recadinhos pessoais? SMS. Recadinhos impessoais? Twitter. Pelo Twitter, seus amigos sabem onde você está e o que anda fazendo. Ele é uma espécie de feed do seu cotidiano, seja ele interessante ou não. Encontros, desencontros e confissões? Orkut. Quer se comunicar com alguém em nível mais pessoal e num bate-papo mais longo? MSN ouSkype.

Acredito, entretanto, que, além de recipiente de lixo, emails ainda possam ser mensagens de amigos, relatos de vivências interessantes, assuntos que realmente possam interessar aos amigos ou colegas que você realmente conhece. Refiro-me ao email do dia-a-dia, não aos emails de trabalho, onde ele o PC se transforma na antiga máquina de fax.

Como alguém já disse: “enquanto a tecnologia não substitui de vez as linhas telefônicas, quem apanhou mesmo foi o e-mail.”. O velho darwinismo agindo também nos meios de comunicação. Um cruel darwinismo tecnológico. A mídia que conseguir se adaptar, sobreviverá! Espero que o Email se adapte á supracitada estatística, mas para sua sobrevivência terá que cortar % nos Spams, nos PPS auto-ajuda e nas piadinhas de mal gosto.

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Cuidado com os links, blogueiros!

Você, noviço blogueiro como eu, visita um site com divertimento e navegação garantida para crianças e adultos, recomendado por uma revista especializada e aí coloca um link no seu blog para o site. De repente, o dito cujo foi comprado por um tarado qualquer que o transforma no mais nojento hard-core pornô, com o mesmo endereço. Você não se ligou no fato porque nunca mais teve a curiosidade de checar novamente o link. Aí, mico dos micos, um blog sério, interessante, agradavel, confiável, culto, vira uma baixaria sem você perceber. Seus amigos e seguidores acham estranho mas não lhe retornam um post porque pensam que faz parte... mas não faz. Infelizmente, paguei esse mico e aproveito a postagem para pedir aos navegantes que me perdoem. O link para "bucl...com" era realmente antes um site para crianças, apesar do nome! O estrago foi feito...mas nunca é tarde para me redimir. Cuidado blogueiros, links de sites são traiçoeiros: a web é dinâmica demais e pode ser fatal para os incautos, navegantes e timoneiros. Alerta sempre - o preço de uma boa blogagem é a eterna vigilância - simplesmente não confiar em links, sobretudo os de nomes estranhos. Um link ingênuo hoje, amanhã pode ter conteudo estranho e até criminoso. Trick or treat? Melhor não arriscar - delete seus links.

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Espaço para um filosófico Bandeira

Arte de Amar

Manuel Bandeira

Se queres sentir a felicidade de amar,

esquece a tua alma.

A alma é que estraga o amor. Só em Deus ela pode encontrar satisfação. Não noutra alma. Só em Deus — ou fora do mundo. As almas são incomunicáveis. Deixa o teu corpo entender-se com outro corpo. Porque os corpos se entendem, mas as almas não!

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Um pouco de Zen

"No Bhagavad Gita (um livro das sagradas escrituras hinduistas) tem-se a alusão de que se o Dharma (o que rege a vida cotidiana no cosmos) é protegido, ele protege; se é transgredido, ele destroi; se o Dharma de cada um é respeitado, há a garantia de manutenção da ordem cósmica e vice-versa. Isso remonta a um conceito segundo o qual haveria um só tipo de vida no universo, uma só consciência em todos os seres, sendo o amor universal a expressão dessa unidade. A separação entre uma pessoa e outra, entre uma coisa e outra, seria portanto mera ilusão; por conseguinte, uma consciência ecológica, uma atitude ética para com o próximo e a natureza ou o mundo circundante corresponderia, em última análise a uma atitude ética para consigo próprio, (uma vez que tudo no universo é interligado...)." Isso foi escrito em 800 a.C.!
Apud "Somos feitos da matéria dos sonhos", de Carlos Alberto C.Salles.

terça-feira, 2 de junho de 2009

Ainda sobre Benjamin Button

O Curioso caso de Benjamin Button, uma grande estória sobre a vida em um grande filme do diretor David Fincher ("Clube da Luta"), baseado no extraordinário romance do americano Scott Fitzgerald. Ainda bem que há bons livros e bons script writers nos states! Examinando bem trata-se de uma parábola que une dois casos médicos: a gerontogenia, no primeiro terço do filme doença do envelhecimento precoce e a doença de Alzheimer, no terço final da estória, permeada no meio por um intenso caso de amor entre duas pessoas sempre unidas pelo destino, contada como um "Forrest Gump" ao contrário, ou um "Retrato de Dorian Gray" (também ao contrário), de Oscar Wilde, com a diferença de que Gray foi envelhecido pelos maus costumes.
O Alzheimer em Button criança pode fazer rir mas é exatamente isso que o alemão faz quando atinge idosos - torna-os crianças, com direito a fraldão e tudo!
O filme traz muitas referências a Forrest Gump - o barco, New Orleans, o capitão, o mar, os fatos da guerra, as voltas à casa e à mãe... só faltou o Tom Hanks, que talvez, quem sabe, daria uma performance mais convincente a Button (ou não, seria mais difícil rejuvenescê-lo). Brad Pitt , com tanto truque de maquiagem, (5 horas de maquiagem diariamente!), encarnou o próprio Benjamin. Segundo o Blog "Poraodosfilmes": "A cidade já estava prevista como locação para o filme, rodado entre 2007 e 2008, mas os estragos causados pelo desastre natural – que matou cerca de 1.500 pessoas, destruiu mais de 100 mil casas e deixou prejuízos superiores a US$ 80 bilhões – colocaram em risco a realização das filmagens. Sensibilizado pelos efeitos da catástrofe, Pitt viu de perto a calamidade da situação durante as filmagens e, após a conclusão do filme, anunciou o projeto Make It Right, que tem como objetivo a construção de casas ecológicas na região." 
A estória, contada através de um diário, mais parece filme europeu do que as famosas trilhas lineares horizontais hollywodianas. Fincher se garante.
Enfim, se ficou curioso sobre "O curioso caso...", veja e medite sobre os diálogos, vale o aluguel!
Eis um diálogo quase filosófico entre Button e sua mãe adotiva, enquanto ainda uma velha criança:
- Alguns dias me sinto diferente do dia anterior... (Button)
- Todos se sentem diferentes a cada dia, de uma maneira ou de outra, (diz a mãe adotiva), mas todos estamos indo na mesma direção. Apenas pegando caminhos diferentes para chegar lá!
- Mãe, quanto tempo ainda tenho?
- Apenas seja grato pelo que já lhe foi dado... já está aqui há mais tempo do que deveria estar!

segunda-feira, 11 de maio de 2009

De que matéria são feitos os sonhos?

A cada acordar após sonhar me convenço de que os sonhos não passam de um "cerebral game", um jogo do cérebro brincando de probabilidades. Mostrando possibilidades de maneira surreal, usando dados de experiências vividas ou sentidas, de um passado antigo ou recente, ou mixando um presente com um futuro atemporal! Nada mais do que um jogo de possibilidades do ego liberto provisoriamente do super-ego. Neurônios corticais aproveitam que outras áreas estão em repouso e descarregam frenetricamente te mostrando as possibilidades do ser e do existir, misturando randomicamente experiências e cenários, medos e desejos, em cenários novos possíveis e impossíveis! Sonhos são feitos de vivências prováveis. E se fosse assim? E se fosse desse jeito? Sonhos são a vida em outra dimensão! Como em Matrix...

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Afinal, celular é cancerígeno?

Segundo um conceituado neurocirurgião australiano, com especialização na famosa Clínica Mayo nos EEUU, Dr. Vini Khurana, de Camberra, SIM! (Pesquise no Google: Vini Gautam Khurana).
Segundo ele, baseado em centenas de pesquisas, na maioria dos casos o cancer leva até 10 anos para se desenvolver. O problema reside em três tópicos: a radiação emitida pelo celular, o tempo que se passa falando e a frequência (número de vezes) que se passa ao celular. Mais: em áreas com sinal fraco os aparelhos emitem mais radiação! Os dois tipos de cancer mais comuns e que podem estar relacionados ao uso do celular são o de cérebro e o de glândulas salivares.

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Pequena introdução a um tratado sobre o jacaré humano

Jacaré é um adjetivo/substantivo substantivamente presente no dia-a-dia dos humanos modernos. Há vezes em que um humano, não mais que de repente, pode se tornar um jacaré em fugaz e breve metamorfose. Na maioria das vezes um jacaré humano já nasce definitivamente metamorfoseado.

A principal etiogenia do jacareismo é a educação. A má educação ou a educação imperfeita é que dá a duração das crises, de breves e situacionais a estado definitivo de jacaré completo e acabado.

Reconhecer um jacaré ou perceber se você mesmo já tem traços ou já e o próprio não é fácil, mas alguns itens são denunciantes.

A seguir, a compilação de situações que, segundo estudiosos de etologia animal e comportamento social atuantes nesse país, denunciam, ou pelo menos, dão uma pista do que é essa nova ciência que caracteriza essa fauna, a jacareologia ou “aligatory” como já é conhecida na ciência alternativa...  

Um jacaré verdadeiro adora obstruir passagens e caminhos; corredores e acessos são seus preferidos; de preferência em bandos, em magotes dispostos em linha horizontal, como num arrastão em sua direção; cuidado, pois para um jaca, você é invisível, eles te abalroam ou te atropelam sem a menor cerimônia ou pedido de desculpa.

Por essas alturas você já pensou que um jacaré é simplesmente um mal educado, um “impolited”; pode ser, mas um mal educado não é sinônimo. Um jacaré é algo mais. Talvez um “cronópio” como o tacharia Julio Cortázar.

As situações onde o jacaré mais se manifesta, ou nas quais você pode liberar um jaca de dentro de você, estão no trânsito.

Por exemplo, querendo sair de um estacionamento qualquer ou de uma garagem de casa ou edifício, aguardando uma oportunidade há intermináveis minutos, de repente vislumbra uma oportunidade, um carro vem próximo mas dá prá sair, mas aí quem vem no nesse carro? Claro, um Jaca-DT (de trânsito), e aí que que ele faz? Claro, acelera com vontade e ainda dá uma paradinha na sua frente obstruindo sua saída. Ele está de acordo com o pensamento padrão jacareista: ocupar todos os espaços possíveis, pensar que todos os espaços do universo são de seu uso exclusivo!

Uma de suas variantes é o Jaca-Buzinador, aquele que em trânsito, adora buzina. Buzinar por buzinar. Não aquela buzina simples, de aviso, mas aquela longa, repetida, acionada para acordar os monges no Tibet. E se ouvires buzinas estridentes à noite, pronto, fotografaste mentalmente o tipo. Se próximo a um hospital, foto completa e sem retoques, com todos os dentes de fora.

E se um DT definitivo vai à tua frente e você necessita ultrapassá-lo, nem tente buzinar ou dar sinal, ele pensa que está em uma “race”, numa competição, jacas têm complexo de Ayrton Senna ! Os mais aguerridos não dão passagem nem prá ambulâncias. O paciente morre lá dentro, a ambulância grita a sirene à vontade mas ele se planta na frente, se fazendo de surdo.

O Jaca-Rubens é o contrário do anterior: num fluxo de 60 ou 80 km/h ele viaja a no máximo 40, fazendo toda a fila perder os sinais verdes.

Já o Jaca-QQQA (quem quiser que advinhe), não sinaliza prá nada nem ninguém. Quem quiser que advinhe se ele vai dobrar ou frear. Com um desses à frente todo cuidado é pouco, melhor mesmo é manter a distância regulamentar, do contrário quem vai acabar tendo razão é ele. A lei o protege! Mas cuidado com as variantes do QQQA: o Jaca-ciclista ou o Jaca-moto. Eles se esgueiram de fininho entre os carros, e se arranhar, arranhou, azar o seu. O Jaca-ciclista vai de preferência na contra-mão e atravessando faixas de pedestres com sinal fechado.

Como vemos, o trânsito é o fator etio-patogênico mais causal para denunciar um uma variante de jaca ou simplesmente descobrir que você já faz parte da fauna.

Ainda existem mais n tipos. Na fila de caixa de um serviço qualquer, por exemplo, após um jacaré ser atendido ele age como se o caixa fosse seu exclusivamente: planta-se lá, abre bolsa, fecha bolsa, pega papel, guarda papel, arruma a carteira e ainda entabula uma última prosa com o caixa, é o Jaca-mané.

O bom jacaré sempre abre uma porta de um recinto pela banda esquerda, empurrando-a para dentro em direção a quem vem, pagando mico sem pedir desculpas. 

Jacaré não tem classe econômica definida, pode ser A,B,C,D ou E.

Um bem conhecido e pagador de mico é o Jacaré-Cel, o jaca gritante de celular no ouvido, apregoando em alto e bom tom sua tola conversa, suas mazelas, suas demandas, como se o interlocutor fosse mouco e os circunstantes, interessados em seu papo gritado.

Mas jacaré fichado de placa e carteirinha é aquele que abre o som do carro em alto volume, como se o mundo também estivesse interessado em ouvir suas músicas bregas e, se está parado, abre as portas do carro, se em trânsito, desfila pela cidade impune à lei do silêncio e aos decibéis ensurdecedores. A carteirinha Nº 1 é a do Jaca-Placa 001, aquele vai com carro, som e tudo a uma praia pouco freqüentada. As pessoas estão lá curtindo numa boa, a brisa, o marolar das ondas, aí ele chega, tira apetrechos e liga o sonzão de maneira que os barcos ao largo também escutem, se aboleta e desaboleta os circunstantes...

Jaca-help é o que mal a gente entra em uma loja, pensando que está à vontade, às vezes apenas para olhar novidades mais de perto, ele já vai perguntando, com aquela voz que parece vir detrás do caixa: quer ajuda?... se dizemos não, ele fica nos acompanhando, com a quase certeza de que todos os fregueses são cleptomaníacos; se dizemos sim, logo ele nos abarrota de coisas que definitivamente não queríamos ou trata de sutilmente sermos despachados o quanto antes da loja evem com aquela indefectível e robotizada frase: “deseja mais alguma coisa?”. Se compramos calças, ele oferece meias ou cuecas, se camisas, calças.

O tratado poderia preencher páginas e páginas, poderia até ser objeto de uma monografia de sociologia, mas como blog é blog, espero que você, paciente leitor que nos acompanhou até aqui e que conhece outros tipos, mande sua colaboração.

quinta-feira, 9 de abril de 2009

O poder da palavra

Não curto P.Coelho, mas o texto abaixo, garimpado em um jornal, traz uma reflexão sobre o poder da palavra que também é tema de um Haikai que fiz há algum tempo atrás (veja colunas ao lado) e me permiti transcrevê-lo porque traz uma verdade universal: a capacidade de destruição da palavra!

"De todas as poderosas armas de destruição que o homem é capaz de usar a mais infalível e a mais covarde é a palavra. Punhais e armas de fogo deixam vestígios de sangue. Bombas abalam edifícios e ruas. Venenos terminam sendo detectados. Mas a palavra destruidora desperta o Mal sem deixar pistas. Crianças são condicionadas durante anos pelos pais, artistas são impiedosamente criticados, mulheres são sistematicamente massacradas pelos comentários dos maridos, fiéis são mantidos longe da religião por aqueles que se julgam capazes de interpretar a voz de Deus. Procure ver se você está utilizando esta arma e ver se estão utilizando esta arma em você. E não permita nenhuma das duas coisas."

 (“Ser como o rio que flui” – Paulo Coelho, apud coluna do jornal Diário do Nordeste, Abril/09)

quarta-feira, 25 de março de 2009

English Micos - palavras pegadinhas em inglês

Café: local público onde se faz e se vende café e/ou lanches.
(Mesmo nome que em português, espanhol ou francês!).
Mas se for em uma universidade: cafeteria. Se for em um shopping: coffee shop. Se é um bar com fast food: coffee bar.
Se um anglo-saxão espirrar perto de você, não diga health (saúde). É mico. Diga God bless you! Isso mesmo - Deus te abençõe!
Se estás em terras alheias e sentires dor no coração, ao procurar um médico jamais diga que está sentindo uma dor no coração como sendo uma heartache - ele rirá de você porque heartache é dor de côrno, diga a pain in the heart...
Nunca chame um botequim de restaurant ou little restaurant ou bar
O nome (em inglês) é tão esculhambado quanto esses locais: greasy spoon... (isso mesmo, colher sebenta). A propósito, um pequeno restaurante, tipo mambembe, é: diner (com um só n mesmo, para diferenciar de dinner, jantar chique!). 
Música brega não é brega , é tacky.
Mesada não é table in the head, é allowance.
Fila não é file, file é arquivo; fila é line ou queue. Mas se for uma fila indiana pode dizer single file que está correto!
Propaganda (em inglês) é só de natureza política. Advertisement é que é a verdadeira propaganda.
Voce está na beira-mar ou praia, aí você oferece coconut water a ele/a. E o/a  gringo/a além de não aceitar vai rir do mico porque água de coco é coconut milk (isso mesmo, leite de côco), enquanto leite de côco não é coconut milk, é coconut cream ou coconut juice.
Confuso? Inglês é tão fácil que tinha de confundir um pouco prá valorizar e pegar os not well educated.
A propósito, bad educated (mal educado) significa que alguém é analfabeto, enquanto impolite é mal educado mesmo. Realmente actually é realmente e não atualmente!
E se um gringo disser prá você que sua cidade é one horse town, ele não está gozando a cidade ou dizendo que por exemplo, a cidade só tem um cavalo. O que ele está querendo dizer é que a cidade é pequena, em comparação com alguma outra. Se pretende fazer algo, não diga pretend, pois isso significa que o que você pretende realmente é fingir!
Tem muito mais, e se você encontrar mais algumas, mande prá cá postando um comment que será publicado com os devidos créditos.

sábado, 21 de março de 2009

Taí um Oscar bem merecido

"Quem quer ser um milionário", de Danny Boyle, mereceu realmente os 8 Oscars, os 4 Globos de ouro, os 7 prêmios do BAFTA e 1 prêmio do festival de Toronto. Tem tudo o que se deseja a ir a um cinema: bom script, muita ação, suspense, aspectos socio-culturais locais com valores universais, personagens psicologicamente fortes, bons atores (mirins e adultos) e como pano de fundo, um belo romance à moda antiga, quase impossível tendo como estorvo uma situação atual em bom estilo "naif". 
Há muito não se produzia um filme com tal padrão, englobando todos esses valores com uma fotografia de nível e uma câmara que se move de acordo com o desenrolar da ação.
Enfim, quem sabe faz, e bem feito. Gasta-se apenas 15 milhões de $ e fatura-se o quíntuplo (ou mais, quem saberá)!.
A estória é baseada num livro de um autor (ainda) obscuro de nome Vikas Swarup.
Interessante é a mistura de linguas nos diálogos: Hindi e Inglês.
A trilha sonora foi composta em apenas 20 dias mas é surpreendente!
E preste atenção, no final do filme tem uma "gag": um rápido musical numa espécie de jardim, mas a plateia desse musical é composta de todo o elenco do filme...
O troféu ridículo vai para a Mercedes Benz que mandou tirar o logotipo das Mercedes que aparecem em cenas de favela.
Resumindo, se ainda não assistiu, vá, filme bom a gente vê em telona. Mas não espere encontrar "o caminho das Índias"...
Mas o bom mesmo é constatar que o Oscar voltou ao original, fugindo da suspeita de jogada comercial de estúdios.

terça-feira, 3 de março de 2009

O outro cão d´agua de Obama

A secretária de Estado americana Hillary Clinton, em sua primeira visita ao Oriente Médio desde que assumiu o cargo, falou novamente sobre o "apoio inabalável" dos Estados Unidos a Israel, depois de uma reunião com o presidente israelense Shimon Peres.

"Quero enfatizar a contínua força da relação Estados Unidos - Israel (...), e nosso compromisso inflexível com a segurança de Israel", disse.

Ou seja, USA usa suas secretárias de estado como cães de guarda fiéis na defesa de Israel, sua ponta-de-lança imperial no meio do Oriente médio.

Será mesmo um outro cão dágua ou uma nova pitbush albina?

domingo, 1 de março de 2009

Conselhos de viagem

Se vai fazer uma grande viagem de avião veja alguns conselhos úteis de jornalistas do jornal Los Angeles Times e outros que eu mesmo acrescentei:
Passagens com conexão aumentam o risco de atrasos e perdas de bagagem.
Se a viagem tem vários trechos, compre-os todos da mesma companhia aérea porque se você perder a conexão a responsabilidade dela é maior.
Cada país e cada empresa tem regras próprias a respeito de bagagens e volumes, certifique-se antes.
O melhor horário e dia para viajar é 3a, 4a e sábado pela manhã.
Tenha sempre em mãos os telefones dos hotéis, da companhia aérea, da empresa de turismo e dos consulados estrangeiros, com respectivos endereços.
Se vai para a Europa não adianta levar traveller cheques, pois lá praticamente ninguem aceita, são mais seguros mas servem apenas para voce trocar em casas de câmbio e pagando ágio, é mico.

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Uma coisa puxou a outra?

        
                                                  
                * Loyola Brandão                           
                  ("Zero")                                        
                  se inspirou (?) em:                             
                                                                  
                * John dos Passos                                 
                  ("1919")                                        
                  que se inspirou(?) em:                          
                                                                  
                * Pudovkin e Eisenstein                           
                  ("O encouraçado Potyenkin")                     
                  que se inspirou (?) em:                         
                                                                  
                * Ibsen                                           
                  ("Espectros")                                   
                  que se inspirou (?) em:                         
                                                                  
                * James Joyce                                     
                  ("Ulisses")                                     
                  que se inspirou (?) em:                         
                                                                  
                * Pirandello                                      
                  ("Espectros da vida e da morte")                
                  que se inspirou (?) em:                         
                                                                  
                  ? (Ou tudo parece!  
       Ou uma coisa puxou outra,                            
                       Ou não tem nada a ver?)   

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Viagem zen

Cruzar os mares,
ir pelos ares,
tanto faz,
a real viagem
é a interior.
Do zen ao zoom,
do bit ao boom,
em um segundo
se percorre o mundo.
Ou o nada,
como uma fada
ao modo inverso
transformando em cinza
as cores do universo.
Do verso ao reverso
do outro lado do ter
o que importa é ser 
e estar atento
para o viver.
Winston
"Ser é unir-se a sí mesmo e unir-se aos outros"
(Teilhard de Chardin)

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Doença do sono também é uma DST!

Qualquer estudante de medicina sabe que a doença do sono, muito comum na África, é transmitida pela picada de uma mosca, a Tsé-Tsé.
O que poucos médicos sabem entretanto é que a Doença do sono também é uma DST, doença sexualmente transmissível, e pode ser transmitida por agulhas contaminadas, transfusão de sangue e relação sexual com paciente infectado pelo tripanossoma, mesmo que ele seja assintomático.
A Revista médica "The Lancet", de Janeiro de 2004, descreve um caso: um brasileiro que esteve em Angola e passou a morar em Lisboa, contaminou sua parceira, uma portuguesa que nunca foi à África, com a doença do sono da qual era portador assintomático.
O artigo científico deduz que o contágio pelo Tripanossoma foi sexual e que portanto deve-se alertar para mais um tipo de DST que pode ser comum em imigrantes africanos ou estrangeiros que de algum modo vitem algum país da África, e, mesmo prevenindo-se contra outras DST´s, possam eventualmente ser piacados pela tsé-tsé e serem portadores inclusive assintomáticos.
Em um dos episódios do seriado americano House, Dr. House e seus pupilos "quebram cabeças" para desvendar um caso de doença do sono sexualmente transmitida a uma paciente.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

O conceito de caridade em Eça de Queiros

"Todos nós que vivemos neste planeta formamos uma imensa caravana que marcha confusamente para o nada.
Cerca-nos uma natureza inconsciente, mortal como nós, que não nos entende e nem sequer nos vê e donde não podemos esperar nem socorro nem consolação.
Só nos resta este secular preceito, súmula divina de toda a experiência humana: ajudai-vos uns aos outros!
Que na tumultuosa caminhada portanto, onde passos sem conta se misturam, cada um ceda metade de seu pão ao que tem fome, estenda metade do seu manto ao que tem frio, acuda com o braço o que vai tropeçar e poupe o corpo daquele que já tombou.
Só assim conseguiremos dar alguma beleza e alguma dignidade a esta escura debandada em direção à morte..." 
("A correspondência de Fradique Mendes")

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

A voz da elite não é a voz do povo

Nem sempre a voz da elite é a voz do povo. Foi assim quando Juscelino Kubitschek planejou a construção de Brasília e a extrema direita da UDN, partido que representava a elite e a então oposição ao presidente, começou a gritar e esbravejar na mídia e a manipular os cordéis de jornalistas amestrados, alegando que se estava afundando a nação com dinheiro emprestado para construir uma cidade perdida no meio do nada! Como seria se a capital federal ainda fosse atualmente no Rio? Prá começar o presidente teria de ter um papa-móvel, o Palácio do Catete não comportaria tantos deputados, lobistas e povo e o acesso seria inacessível na hora do rush.
Além disso o desenvolvimento dos estados do centro do pais ainda continuaria estagnado. A região centro-sul seria só de fazendas cujos donos continuariam morando no Rio. Nem sempre a voz da elite representa a voz do povo.
Um caso clássico é o da Torre Eiffel. Em fevereiro de 1887 um jornal parisiense publicou um manifesto de pessoas do mundo das artes e das letras, que à época representavam a elite francesa, protestando contra a construção de uma "torre de ferro" de 320 metros de altura, em pleno Campo de Marte parisiense.
O manifesto dizia: "...nós, escritores, pintores, arquitetos e amantes da beleza até agora intacta de Paris, protestamos com toda nossa força, toda nossa indignação, ao nome da arte e da História francesa ameaçada, contra a construção, no coração de nossa capital, da inútil e monstruosa torre Eiffel, que a malícia pública, impregnada de bom senso e espírito de justiça já denominou de torre de Babel..."! A bem da verdade, o que seria de Paris sem a torre Eiffel? A voz do povo entretanto tinha razão: é uma Babel. Milhares de pessoas de todas as nacionalidades da terra passam por ela  e sobem seus degraus e elevadores todos os santos dias.
Qual a fonte dessa admiração senão, nas palavras do próprio Gustavo Eiffel: "a imensidade do esforço e a grandeza (e beleza) do resultado? Existe de resto, dentro do colosso, uma atração, um charme próprio, aos quais as teorias ordinárias da arte jamais serão aplicadas!"
Gustave Eiffel ergueu a estrutura metálica de 324 metros de altura, à época a a estrutura mais alta do mundo construida pelo homem, sem um pequeno acidente sequer com nenhum operário durante sua construção. A título de informação ao turista: a fila para comprar ingressos para subir ao primeiro andar, em dias normais, é de aproximadamente 2 horas de espera...ao último andar é de uma hora e meia, mas vale a pena, do alto você vê "tout Paris", em 360 graus, até aonde a vista alcança, mesmo sem usar os telescópios disponíveis e se for à noite, a visão é deslumbrante e vale a pena o cansaço da subida.
Mas a cena mais bonita mesmo é ver a própria torre iluminada, da praça do Trocadero! Aí você repete a frase dos bem aventurados: ainda bem que não morri sem ver Paris... do mesmo modo como você joga uma moeda no lago iluminado do Palácio da Alvorada à noite, faz um desejo de sorte e depois, no fundo da alma, abençoa a memória de Juscelino e pensa que realmente a voz da elite não é a voz do povo.

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Fradique Mendes, um internauta em 1900

Se Fradique Mendes, o personagem de Eça de Queirós em “Correspondência de Fradique Mendes, (Porto, 1900), vivesse nos tempos modernos seria um internauta viciado em sites e Blogs!

Leia-se o parágrafo abaixo, exarado por Fradique (ibidem):

“...só me resta ser um homem que passa através de idéias e fatos, infinitamente curioso e atento! A egoísta ocupação do meu espírito hoje consiste em se acercar de uma idéia ou um fato, deslizar suavemente para dentro, percorrê-los mudamente, explorar-lhes o inédito, gozar as surpresas e emoções intelectuais que possam dar, recolher com cuidado algum ensino ou parcela de verdade e sair, passar a outro fato ou outra idéia com vagar e com paz, como se percorresse uma a uma as cidades de um pais de arte e luxo, como turista da inteligência”! (Eça de Queirós)

domingo, 8 de fevereiro de 2009

O DISCRETO CHARME DA BURGUESIA

Revendo-se o discreto charme de um filme típico de Luis Bunuel, realizado em 1972 percebe-se que o filme continua uma parábola onírica atual, enigmática e ao mesmo tempo contundente sobre o clero e a burguesia.

Um clássico mundial do cineasta espanhol onde o inusitado e o insólito marcam cenas aparentemente surrealistas mas de uma clara lição a quem souber lê-las, como um analista em uma sessão psicoterápica, embora impregnadas de aspectos e pensamentos da esquerda da década de 70, pós barricadas parisienses de 1968.

25 cenas se dispõem como um"puzzle", um brinquedo de montar em 25 sessões de catarse. Seis personagens principais representados por atores desconhecidos, no melhor estilo Pasolini parecem dispensar o próprio Buñuel na direção.

Não é um filme para ser visto. É um filme para ser revisto no bom figurino "Cult".

Há tantas leituras possíveis quantas prováveis! O filme começa realmente na cena 2 e Buñuel dá seu recado mais importante entre a 2ª. e a 13ª cenas.

CENA 2: Restaurante.

O dono morreu, mas o restaurante abre como se nada tivesse acontecido! Show must go on.

Ao autor e atores não interessam pessoas ou verdades pessoais, interessa a arte em si, esta não deve faltar. O autor se despoja ao entrar para o altar da arte. O show deve continuar.

CENA 3: O burguês,

representante da elite do terceiro mundo, atira no cão de brinquedo alegando que a dona é terrorista. O velho chavão das ditaduras paranóicas da América latina.

CENA 4 : A droga,

trazida de contrabando pelo embaixador dos Estados Unidos. As elites também praticam seus pequenos (?) crimes. A elite corrupta sempre tira partido de sua posição política/social mas age discretamente, "comme il faut".

CENA 5: A casa.

Chegam as visitas, amigos, para um jantar que não se realizará.

Os anfitriões fazem sexo escondidos no jardim. (As amizades são superficiais e de conveniência.) São menos importantes que um ato sexual. Os visitantes aguardam e bebem enquanto discutem a forma certa dos copos de cristal para determinadas bebidas como se esse "savoir-faire" fosse a coisa mais importante do mundo.

CENA 6 : Os anfitriões.

Escondidos num mal cuidado jardim, fazem sexo, alheios ao que se passa em sua casa. (Buñuel tenta mostrar que para um bom burguês, casa não tem o mesmo sentido de lar. Para a burguesia, lar-doce-lar é uma frase inventada pela classe média. Casa é apenas o espaço que hora se ocupa.

CENA 7: A frase clichê:

“Nenhum sistema pode dar educação ao povo". (Mas educação, para o interlocutor, é apenas uma questão de etiqueta: saber como beber preparar e beber um Dry Martini. Para corroborar a tese, testam o motorista). Cansados de esperar os donos da casa, decidem ir embora, menos pelo casal, mais pelo tédio.

CENA 8 : A Igreja,

na pele do bispo da Diocese, chega a humildemente à casa para servir à burguesia como um simples lacaio (jardineiro). A burguesia o expulsa. Ele não aparenta nenhuma autoridade com suas roupas de pároco de aldeia. (O hábito faz o monge). Mas o bispo se veste de bispo e alega que a Igreja mudou e agora é bem aceito para servir à burguesia como um mero jardineiro, afirmando que aprendeu jardinagem por tradição - manutenção do "status quo" - tradição é a palavra chave para a burguesia. (Aqui uma linguagem explícita, quase brega do chavão socialista: a Igreja lacaia do capitalismo).

CENA 10: Uma orquestra de velhos

toca em uma casa de chá, (mito de eunucos em harém). As mulheres se reúnem para o ócio típico das dondocas: a vida alheia e o papo furado.

CENA 11: O onirismo à La Dali:

Um militar se aproxima e conta sua história onírica: um pesadelo em que sempre a mãe morta relatando ao filho sua (dela) traição. O militar é o superego feminino a amedrontá -las com o mito da maternidade maculada.

CENA 13: A traição.

Uma das mulheres tem um encontro amoroso no quarto do embaixador. Chega o marido para dar uma notícia ao embaixador. A mulher pergunta:

- Quem está ai?

- É seu marido, responde o embaixador.

(A infidelidade é normal) (?).

E o resto é com quem quiser rever esse “Cult”.

Luar sobre Fortaleza

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Praia de Iracema

Lady Godiva

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Info-Arte

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Verso e reverso

Fotopoema

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Nascimento

Fotopoema2

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Picasso - Guernica

O Sudoku de Ant.Gaudi no portal da Sagrada Família em Barcelona

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Qualquer soma nas colunas, nas linhas ou em X dá 33: a idade de Cristo na cruz!

Pensamento1

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Fanatismo

Dies irae dies ille

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These foolish things

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Tem dias...

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Tem dias!

Wicked game (Kris Izaac)

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Babalu

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Fotopoema

Festival de Natal - Lago Negro - Gramado-RS

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Nativitaten - um espetáculo que se renova e merece ser visto e revisto!