Li uma reportagem de um magazine semanal, a revista “Isto É”, sobre um estudo científico do comportamento tipicamente adolescente baseado em dados de Neurociência.
A conclusão básica é a de que o adolescente é, como diria o falecido cantor-compositor Raul Seixas, uma “metamorfose ambulante”.
A mim, pelas conclusões básicas postas na revista sobre esses estudos, me parece apenas mais uma confirmação de um aforismo científico de um fisiologista do século XIX: “A ontogênese repete a Filogênse”, ou seja, o desenvolvimento do ser humano desde sua fase embrionária até sua plena capacidade, repete os passos da evolução.
Sabemos hoje que o embrião humano tem as mesmas guelras de peixe, o mesmo rabo dos répteis e algumas glândulas misteriosas que persistem na infância, como o Timo, por exemplo, própria de mamíferos primitivos, além de outras quizumbas genéticas surpreendentes estudadas pela Ontogenia e Embriogenia.
O que me surpreendeu na pesquisa neuro-científica atual, abordada pela revista, foi a semelhança entre os dados encontrados e os dados expostos no livro “Os dragões do Eden”, um livro de Carl Sagan, que teve sua primeira edição no Brasil em 1985, onde o autor combina campos de Antropologia, Biologia da evolução e Psicologia Comportamental.
Os dados mostrados resumidamente pela revista apontam que certos comportamentos adolescentes são próprios da evolução ou da ausência de desenvolvimento de certas áreas do cérebro.
Desordem no quarto: a região cerebral responsável pela organização espacial ainda não amadureceu.
Aderência a bandos e tribos, gregarismo em turminhas: a quantidade de neurônios-espelho, aqueles responsáveis pela cópia de comportamentos de pais, parentes ou amigos próximos e iguais; nessa idade, esses neurônios estão em seu número máximo!
Prazer e recompensa imediata (tendência explicável ao uso de drogas): o cérebro adolescente se inunda de dopamina, (o hormônio cerebral do prazer e do bem estar), com o menor estímulo que satisfaz.
Raiva surpreendente ou tristeza profunda: o Sistema límbico, uma região cerebral primitiva e bem desenvolvida nos répteis, desenvolve-se em tamanho e atividade máxima nessa fase. (Cuidado ao lidar com um adolescente – ele é uma cópia neurológica reptiliana! Suas emoções não têm meio termo, são intensas e iguais a de uma cobra – não mexa com ela(e)...
Impulsos incontroláveis: o córtex pré-frontal, responsável pelo controle e racionalidade dos impulsos, ainda não amadureceu completamente. Os impulsos neurais seguem vias neuronais primitivas, localizadas em estruturas do tronco cerebral, nas regiões mais primárias do cérebro.
O magazine, de Outubro de 2011, cita suas fontes e dá mais detalhes que não me cabem aqui reproduzir. Estou colocando apenas tópicos que também batem com os estudos de outro livro: “O Macaco Nu”, de Desmond Morris, publicado no Brasil no início da década de 70 pela Editora Record. Uma resenha do New York Times sobre esse livro afirmou: “um retrato do homem como primata por hereditariedade e carnívoro por adoção...”
O que chama atenção são alguns aspectos do mesmo estudo neurológico que considera como “positivos”, socialmente falando, alguns comportamentos derivados desses aspectos neurológicos do cérebro adolescente, tais como:
- Maior percepção sobre o que quer e pensa o outro.
- Mais capacidade e rapidez de tomar decisões.
- Raciocínio mais complicado.
- Maior capacidade de planejar ações.
Ora, o que é isso senão um cérebro reptiliano, o cérebro de um réptil predador, uma estrutura neurológica e comportamental típica de dinossauros, preparados para ataque e defesa?
Resumindo a ópera, cuidado: se fosse possível, você nunca poderia lidar com Galimimos, Estegossauros, Megalossauros ou outros sauridas semelhantes. Não por acaso, o herói do "Parque dos Dinossauros", de Spielberg, é um adolescente.
Conforme-se, você nunca aprenderá a lidar também com ofídeos criados, a não ser que esteja na mesma idade aborrecente...